Guia de Compras: Como Montar um Bar Básico em Casa
Cinco utensílios pra começar, cinco pra subir seu jogo e cinco opcionais: quinze itens pra qualquer bartender amador ficar mais que equipado!
Depois de algumas semanas testando combinações, algumas com mais sucesso que outras, achei que valia a pena tentar um novo tipo de texto aqui neste Meus Discos, Meus Drinks e Nada Mais. Nada melhor que começar com algumas dicas para quem quer montar um bar em casa, começar a fazer seus primeiros drinks e sair batendo coqueteleira por aí. Decidi dividir esse texto em três fases do bartender amador – palavra que, vale lembrar, vem do latim aquele que ama. Fofo.
Na primeira, itens que são o kit básico para começar. Na segunda, alguns utensílios e taças que fazem subir o nível do jogo de qualquer um. Num terceiro patamar, outros itens opcionais a depender do tipo de coquetéis que você gosta de beber ou da sua dedicação. E claro, para finalizar, um lembrete para algo que sempre faz a diferença num bom coquetel: o gelo.
Como em outras edições da newsletter, há links para a Amazon – se você fizer compras por ele, ajuda este escritor a continuar patrocinando suas bebidas e fazendo esta newsletter. Mas o mais importante é o seu bolso: além da Amazon, tenho encontrado boas oportunidades de compra no Mercado Livre e na Bartender Store (loja especializada aqui em São Paulo), então vale a pesquisa. Assim como vale a busca naquelas lojas de utilidades de bairro (os antigos R$ 1,99, saudades), que muitas vezes têm opções decentes e acessíveis de diversos utensílios.
O Kit Básico Para Começar
Dosador
Coquetel nenhum sobrevive a uma medição errada. É claro que, em alguns casos, um chorinho a mais (ou a menos…) de álcool pode ajustar as coisas, mas conforme a mixologia vai se tornando algo sério, é importante medir tudo com calma e precisão. Bons bartenders até já desenvolveram técnicas de contagem para medir o líquido saindo da garrafa, mas para quem está começando, vale muito a pena ter um dosador duplo, de inox. Duplo porque ele têm duas medidas (normalmente, 45/50/60 ml e 20/25/30 ml). De inox pra facilitar a lavagem. Gosto desse modelo e desse aqui. Você deve gastar entre R$ 15 e R$ 30 num dosador.
Coqueteleira
Há diversos tipos de coqueteleira para você se divertir por aí batendo drinks. A Boston Shaker, com dois copos parecidos, pode parecer a mais bonita pra se exibir, mas pode dar bastante dor de cabeça se você não souber usar – é fácil demais deixar tudo derramar. Aqui em casa, comecei com uma daquelas com receitas escritas no vidro, mas recentemente migrei para uma Cobbler Shaker. Além de ter tampa e ser mais fácil de manusear, ela já vem com um filtro mínimo – o que ajuda bem nas horas de preguiça. Uma boa cobbler deve custar entre R$ 30 e R$ 60, dependendo do lugar.
Taça Martini
Você pode até improvisar em casa com copos americanos, copos longos e até mesmo aquele antigo copo de requeijão com desenho de vaquinha. Mas se existe uma taça que começa a fazer seus drinks ficarem bonitos, é a taça de martini. Não à toa, ela é o símbolo desta newsletter. Tem diversos modelos por aí, mas esses daqui funcionam bem se você precisar de uma ou duas taças. Para quem quiser o jogo de seis, fico com a Nadir Figueiredo. Aqui, os preços variam bem, mas difícil você pagar menos de R$ 10 numa taça de martini; na média, vai ser uns R$ 30, talvez um pouco menos num jogo com vários itens.
Bailarina
Tem quem use colher de suco ou até mesmo uma colher de sopa pra mexer seus coquetéis. Mas procurando bem, só a bailarina é quem não tem defeito mesmo. Além de ajudar as bebidas a não se misturarem e não espantar o gás de coquetéis com refrigerante ou club soda, elas também ajudam bartenders veteranos a fazer graça em coquetéis com camadas. Não é meu caso aqui, mas um dia eu chego lá. Se você também acha que vai chegar lá, vale o investimento. Atenção para o que tem na ponta: se for um macerador, você pode espremer ervas e gelo no fundo do copo; já um garfo ajuda a colocar frutas e outros ingredientes. Os materiais podem fazer variar o preço, mas uma bailarina decente deve sair de R$ 20 a R$ 30.
Copo Rocks
Quem bebe uísque regularmente talvez já tenha um desses em casa, mas se não é o seu caso, vale investir num copo rocks. É aquele copo baixo, mas de boca larga, que serve muito bem para alguns dos coquetéis mais clássicos – old fashioned, negroni e qualquer outro que se sirva bem com uma grande pedra de gelo para resfriar lentamente seu drink sem que ele fique aguado. Meu modelo favorito é o Amassadinho da Nadir, básico mesmo, mas de boa pegada na mão. Assim como na Taça Martini, aqui o estilo é o que manda no preço – mas com R$ 15 ou R$ 20 já dá para levar modelos legais pra casa.
Extra, extra
Para este estágio, é bastante fácil achar alguns kits que contém diversos itens em um pacote só. Pode ser uma boa se estiver num preço promocional – mas a chance de você pagar mais e ficar com parafernália sobrando (ou algum dos itens ser de qualidade inferior) é razoável. Então… atenção!
Subindo o Jogo
Mixing Glass
Mexido, não batido – ao contrário do que James Bond diz sobre o seu martini, alguns drinks não devem ser chacoalhados por aí. Merecem sim é ser mexidos com calma e perícia, com malemolência. É claro que dá para fazer isso em um copo ou na coqueteleira, mas se você está lidando com quantidades razoáveis de álcool ou quer bastante precisão, o melhor é usar um mixing glass, que nada mais é do que um grande copão para misturar bebidas, normalmente com um bico para despejar o líquido diretamente numa taça. De modo geral, drinks que levam limão, laranja, leite ou claras vão na coqueteleira. Coquetéis feitos só com álcool e gelo ficam no mixing glass. O que eu uso aqui em casa é literalmente este – bons modelos vão ficar acima de R$ 50, no mínimo.
Copo Alto
Um copo alto é bastante necessário para quem quiser acessar uma enorme quantidade de drinks – há uma categoria inteira deles que se chamam… bem, long drinks. É o tipo de coisa que, num orçamento limitado, dá para improvisar com qualquer copo grande – aqui em casa, uso copos de 450ml da Nadir Figueiredo que dão conta do recado (#santacecilier). Mas os especialistas recomendam duas categorias: o highball (mais magrelo) ou o collins (um pouco mais largo). É algo que muda de fato a brincadeira. Como todos os copos, o céu é meio que o limite.
Taça Coupé
Essa aqui é para você se sentir como a Rainha Elizabeth tomando gim ou bebendo champagne num filme dos anos 1940 – inclusive, ela foi criada na verdade para servir champagne ou espumante. Mas eu particularmente gosto muito de colocar meus drinks nela – especialmente por oferecer uma estabilidade maior que a taça de martini. Achar uma boa taça coupé, com seu formato arredondado (que pode lembrar um seio avantajado, vamos confessar), é difícil. A de casa é essa aqui – difícil encontrar taças coupé legais por menos que os R$ 40 aqui, inclusive se você resolver garimpar antiquários, mercados de pulga ou outros lugares do tipo para comprar algo que ficaria lindo na cristaleira da sua vó.
Strainer
Em bom português, Strainer significa coador. Durante algum tempo, usei como coador os mesmos coadores que usava para filtrar chá mate, laranja ou alguma preparação culinária. Mas com o tempo aceitei que devia melhorar um pouco as coisas, e comprei um Hawthorne Strainer – aquele que tem alguns furos e também molas na ponta, para se adequar a diferentes tipos de vasilhame. Um strainer OK vai sair por pelo menos R$ 30. Você vai achar ele por aí como “strainer”, mas a verdade é que existe um outro tipo comum, o Julep Strainer – esse parece uma colher com furos, e era usado para coar Mint Juleps, um coquetel com uísque e hortelã bem gostoso. Ainda vou comprar um.
Descascador em Y
Colocar uma casquinha de limão ou laranja pode parecer uma bobagem para quem gosta de decoração. Eu sei, eu sei, mas não é por aí: a casca das frutas muitas vezes contêm óleos que são capazes de, mesmo em pequena quantidade, mudar o sabor de um drink. E pra quem não tem intimidade com facas, um descascador em formato de Y é talvez o melhor jeito de conseguir isso. É fácil: um desses se acha em qualquer loja de R$ 1,99 por aí – mas se você quiser incrementar, dá também.
Ao Seu Gosto
Pilão
Talvez você já tenha um pilão em casa – afinal de contas, caipirinha é o nosso drink nacional e o pilão é uma ferramenta também bastante útil na cozinha. Não dá pra pensar em fazer pesto sem ele. Mas também é um ótimo aliado para quem quiser extrair o sabor de ervas, frutas e até especiarias ao preparar um coquetel. Também dá para achar fácil nas lojas de R$ 1,99 por algo na casa de R$ 15, mas também dá para incrementar um pouco aqui.
Espremedor de Limão
Outro item que você talvez já tenha em casa, o espremedor de limão é um ótimo aliado para tirar suco de limão, laranja e outros cítricos na hora de fazer drinks, especialmente se você for fazer isso em grande quantidade. Não é um item básico porque, né, dá para você espremer com a mão, mas uma hora a gente cansa de fazer isso. No mundo ideal, existiriam modelos que cabem laranja, mas infelizmente a maioria deles é só pra limão mesmo – e também cabe na lista do R$ 1,99. Se alguém aí achar um “tamanho família”, me manda. :)
Taça Margarita
Outro item que está na lista dos itens opcionais por um motivo muito simples: a Taça Margarita é usada principalmente para tomar Margaritas, que você pode também muito bem fazer numa taça de martini ou coupé. Mas se achar que vale o investimento ou quiser seguir as raízes, um bom modelo está aqui, num jogo com seis taças. Assim como a Taça Martini, deve ficar em pelo menos R$ 30 a unidade.
Taça de Gim Tônica
Se você já bebeu um gim tônica num bar (ou seja, esteve num bar de drinks nos últimos 5 anos), certamente já viu uma taça dessas na sua frente. Ela é grande e serve para ajudar beberrões fanáticos a entornar bastante gim e uma lata de água tônica de uma vez só. Era minha taça favorita no Paramount, outro lugar onde aprendi a começar a beber drinks. E não é difícil ter uma dessas em casa – mas confesso que tirando drinks coletivos ou gim tônica, nunca bebi nada nelas. Se você não vai beber uma gim tônica, pode ficar em paz. Se vai… chega mais. De novo, fico com Nadir Figueiredo – duas taças por R$ 50 é um bom começo, vai.
Caneca de Cobre
Depois do Gim Tônica, veio o Moscow Mule – e com ele todos os bares que recuperaram as boas e velhas canecas de cobre. Ou canecas de latão mesmo (eu usava uma dessas na pré-escola em São Caetano, mas era mais tosca). Aqui, vale o mesmo caso do item anterior: se você for tomar Moscow Mule, vale o investimento (uma caneca legal sai por uns R$ 40). Se não, pode seguir em frente – ainda que essa canequinha simpática talvez seja mais versátil pois pode receber outros drinks que vão num copo rocks.
Ice, Ice Baby
O mais importante ficou para o final: o gelo. Gelo decente é uma arma importante na mão de qualquer bartender. Afinal de contas, ele muda a temperatura da bebida, e se for malfeito, pode deixar um drink aguado antes do final do copo. Não cheguei ainda ao nível de investir em máquinas de gelo ou fazer um gelo filtrado dez vezes – que fica quase transparente.
Mas vale a pena ter boas forminhas de gelo, cuidar para que seu gelo não fique muito tempo no freezer parado e, se possível, investir em formas que fazem cubões de gelo – quanto maior o cubo, mais tempo o gelo leva pra derreter, algo essencial em coquetéis que usam o copo rocks, como Old Fashioneds, Negronis e etc. Aqui em casa, uso uma forma que a namorada comprou na Daiso e me deu, mas estou namorando essa aqui de silicone e essa aqui para fazer gelo redondo. Me aguardem!
Os reclames da vez:
“Marcos Valle”, single da Glue Trip, fala em um drink azul bebido pelo cantor dos anos 1960/1970. Sai nos próximos dias no Scream & Yell um papo que eu harmonizei com o Lucas Moura, vocalista da banda, sobre o Nada Tropical, disco novo dos caras. Tá bacana, hein?
E por falar em bacana, segue aqui o link pra edição da semana passada do Programa de Indie com a Maglore – um papo mais que especial sobre o V, disco que eles lançaram na semana passada e tá rodando demais aqui em casa. Se fosse vinil, já tinha furado.
Acho que é isso, pessoal. Espero que esse guia tenha sido útil – e super aceito sugestões de outras coisas que deveriam estar aqui. Afinal de contas, eu também sou só um rapaz esforçado, bem naquela linha mal-secreto-Fa-tal-Jards-Macalé. Na semana que vem, voltamos aos discos! Saúde!
Um abraço,
Bruno Capelas
PS: Esta edição foi escrita ao som dos últimos dois discos do Talk Talk e do único álbum solo de seu líder, Mark Hollis. Três discos que me acompanharam em muitas bebedeiras em 2021, algumas delas que mudaram a minha vida. Um dia eu prometo que conto a história. Também foi escrita ao som da novela Pantanal #spoiler.
PS2: Quero bastante saber o que vocês acharam dessa edição. E o que tem achado das edições, de modo geral. A caixa de comentários é de vocês <3.
PS3: Muito feliz em poder anunciar que não só batemos os 200 inscritos, como fomos bem além deles na última semana: já estamos em mais de 250 leitores. Sejam bem vindos, convivas: o balcão está aberto!
Maglore é uma das bandas mais bacanas dos últimos tempos (e agora quero comprar um monte de copo eforma de gelo).