Uma pausa para algumas cervejas
I'm alive e vivo muito vivo – mas precisei ficar fora uns dias numa onda diferente
Olá, olá, olá convivas e colegas de balcão!
Sei que faz um tempo que eu não apareço aqui – o que me deixa um bocado envergonhado, é verdade. Também sei que alguns de vocês estavam precisando mesmo era de um disco bacana para ouvir e um coquetel pra lidar com as constantes mudanças de tempo no Brasil – aqui em São Paulo, a primeira versão desse texto foi escrita num calor de 30 graus; a segunda, num frio de 16. Mas nem tudo que a gente espera acontece, não é mesmo? Ou acontece de um jeito diferente.
Primeiro, as desculpas: a verdade é que não tenho conseguido me dedicar à newsletter da forma que eu desejo nos últimos tempos. Os motivos são ótimos e, felizmente, vão além apenas de “muito trabalho”. Nas últimas semanas, tenho conciliado uma série de projetos e trabalhos bacanas com um curso de sommelier de cervejas no Senac. Por três noites por semana, tenho me divertido bastante cheirando copos e bebendo boas birras nas aulas, entendendo estilos e escolas. Mais que isso: abrindo conexões cerebrais muito interessantes.
Para alguém que passou muito tempo estudando de maneira “intelectual”, lendo e fazendo cursos, tem sido instigante e inspirador cultivar meus sentidos – porque beber cerveja é algo que se faz não só com o paladar, mas também com a visão e o olfato. (Ouso até dizer que a experiência pode passar também pela audição, com aquele barulho maravilhoso de uma latinha abrindo, mas alguns possam me chamar de exagerado).
Tem sido um curso muito divertido e muito bacana, mas… preciso confessar que depois de três dias bebendo porções módicas de cerveja (sem ironia alguma), tem dias que simplesmente eu não quero beber. Ou não posso – ainda sigo fazendo um tratamento médico chatinho que me pede pra não beber por dois dias da semana. É uma matemática complicada e não tem sobrado muito tempo para tomar um coquetel, quanto mais pesquisar novas combinações ou mesmo escrever essa newsletter do jeito que gosto, com disco na vitrola e copo do lado do notebook.
Eu também tenho trabalhado bastante, é verdade – afinal de contas, a Turnê Latinoamericana teve lá seu preço. Desde maio, a rotina de trabalho por aqui tem sido mais intensa que o normal, não só para pagar as contas, mas também porque tenho sido chamado pra fazer muita coisa bacana. Agora já posso até contar, inclusive, algumas delas (considerem que esse é o Reclames da Semana, ou melhor, das últimas semanas…)
Chegou nas bancas semana passada minha primeira capa de revista, com um perfil com o Seu Jorge para a GQ. Graças a um convite incrível do Daniel Bergamasco, pude acompanhar não só o ensaio de fotos charmosíssimo que a revista fez com ele no Museu da Imigração, mas também bater um papo de quase quatro horas com o intérprete do Mané Galinha na casa dele, falando de muita coisa – de Wes Anderson a Lula, de desigualdade social e da força que é o Brasil, passando por Nick Drake, Pelé, Milton Nascimento e Fernanda Montenegro. O resultado é uma reportagem extensa, com depoimentos deliciosos de gente como Lázaro Ramos, Pupillo e Gabriel Moura, e que espero que vocês gostem. Aqui tem um gostinho.
Sigo também escrevendo para Cajuína, com muitas ideias bacanas sobre o mundo do trabalho. Destaco duas pautas bacanas recentes: uma é uma conversa franca com a Miriam Branco da Cunha, diretora de RH do Hospital Israelita Albert Einstein, sobre pandemia, tecnologia e escuta ativa. Acredita que ela me disse que o Einstein não perdeu um profissional sequer durante a pandemia? E isso nem é a coisa mais interessante da entrevista.
A outra é um papo com a Triinu Groon, diretora de RH da Cloudwalk, falando sobre como a empresa tem usado o ChatGPT para economizar tempo do seu time em tarefas burocráticas. (Confesso que eu ainda não tinha testado o ChatGPT antes da entrevista, mas fui lá e pedi pra ele fazer meu novo treino de academia. Ainda não consegui ter tempo pra dizer se deu certo, mas juro que conto pra vocês depois).
No Programa de Indie, eu e Igor Muller seguimos mapeando novidades de música, comemorando discos clássicos e conversando com gente bacana. Nas últimas semanas, dois pontos altos: um foi nosso papo com o grande Santiago Motorizado, para falar do mais novo disco do El Mató a un Policia Motorizado, Súper Terror. É um disco bem oitentista, bem bonito, que tá girando bastante aqui em casa – e o papo foi legal demais também, falando de rock, América Latina, Primavera Sound (eles vêm aí em dezembro!) e futebol, claro.
Também conversamos entre português e inglês com o grande Steve Shelley, baterista do Sonic Youth, que está no Brasil para fazer um show com o Riviera Gaz, power trio que ele formou ao lado de Gustavo Riviera e Paulo Kishimoto, ambos ex-Forgotten Boys. O programa foi massa demais e tem até eu e o Igor perguntando pro Steve se o Sonic Youth um dia pode voltar. A resposta? Vai lá:
Entre uma coisa e outra, ainda teu tempo de finalmente tirar da gaveta uma entrevista que me deixou feliz demais. Já contei aqui que o Pato Fu é uma das bandas da minha vida – por causa deles, fui parar em Mutantes, e daí nos Beatles, e o resto é história. Em março, enquanto eu estava no Uruguai, conversei pela internet com John e Fernanda para o Scream & Yell. Eles estão comemorando 30 anos de banda neste 2023, e pude não só extravasar minha energia de fã como também perguntar sobre vários temas – novelas, MTV, política, Música de Brinquedo e até entender como raios zune um novo sedã. Chega mais!
Também tenho visto muito show bacana nas últimas semanas – e feito lá meus registros no canal do YouTube. Cola lá pra ver como foi assistir gente como Jards Macalé, Baby do Brasil, Pullovers, IRA! (tocando o Psicoacústica!), Besouro Mulher e Pato Fu.
Pra completar, ainda vale também dividir que escrevi um textinho sobre os primeiros meses usando o Artifact. Espécie de “TikTok de notícias”, é o novo app de Kevin Systrom e Mike Krieger, os criadores do Instagram. É a minha primeira colaboração com a Época Negócios (e espero que venham mais por aí!).
AAAAH… ufa! E olha que não foi só isso (tem outros trabalhos também não assinados que eu não costumo divulgar, hehe). A verdade é que, depois de 45 dias na estrada e mais outros 45 dias trabalhando direto, eu tenho buscado equilíbrio. É um dos meus temas mais frequentes na terapia nos últimos tempos. Não é fácil – a corda sempre vai puxar pra um lado ou para o outro, especialmente depois de tantos altos e baixos. Mas espero que dê certo, nos próximos dias.
Percebi também nessa pausa mais ou menos forçada que muitas vezes, escrevi a newsletter de maneira apressada, em cima da hora, sem deixar as palavras respirarem. A periodicidade semanal foi algo mais ou menos intencional que eu me impus, a fim de criar disciplina e também hábito de escrita, depois de algum tempo trabalhando com texto de maneira automática. Mas, com o tempo, foi também se tornando vilã do que eu queria fazer aqui, de maneira despreocupada. Por isso, até o curso acabar (faltam só duas semanas!), não vai rolar coluna. Talvez eu me atreva a tirar um texto de arquivo da cartola, mas não prometo nada.
A outra mudança é que, depois que o curso acabar, a newsletter vai passar a ser quinzenal. Acho que isso vai ajudar a ter um ritmo de textos bacana, sem necessariamente surtar na batatinha. (Também vai deixar minha sogra feliz por eu não ter que roubar os copos dela quando estiver em Uberlândia, eu acho). Mas eventualmente, quando a maré estiver boa, talvez apareça aqui com algum conteúdo extra fora das quinzenas – como um guia de compras ou algo assim. Será uma tentativa de testar coisas novas, até quem sabe começar a ganhar alguma gorjeta nesse balcão aqui. (Prometo que vai ser legal, viu? Se não for, a gente nem abre a garrafa.
Aliás, falando em Guia de Compras, tenho uma novidade: criei uma página especial na loja do seu Bezos concentrando listas de bebidas e utensílios de bar que eu costumo comprar/usar aqui em casa. Acho que pode servir como uma espécie de referência rápida de marcas, um guia para checar promoções ou mesmo um jeito rápido de saber como andam os preços por aí. (Disclaimer: Se você comprar com o link da página, eu ganho uma comissãozinha que ajuda a encher o bar deste bartender aqui, viu?)
(Ah, por falar em garrafa, já aviso: não está nos planos misturar destilado com cerveja aqui não. Além do meu fígado não aguentar, acho que pode ser um desvio de rota caótico. No máximo, talvez, quem sabe, um coquetel com cerveja – embora eu ainda não tenha aprendido nenhum. Escrever sobre cerveja em outros cantos, porém, não está descartado. Como diria uma certa filósofa do rádio, “vamos ver o que acontece”).
Feito? Então vamos nessa. Mas agora dá licença que eu tenho que ir pra aula de cerveja.
Um abraço,
Bruno Capelas
Ahhh... Estava empolgado em ver mais conteúdo cervejeiro por aqui. Achei que ia fazer parte.
Quantos aos coquetéis, uma vez tomei um Negroni com IPA bem legal no brewpub da Goose Island (já vi rolar em outros lugares algumas coisas parecidas). Em 2019, no Mondial lá no Rio, tinha um stand de coquetéis cervejeiros. Tinha um de café com Belgian Dark Strong Ale que estava bom (foi o ponto mais divertido do festival na minha opinião).