#64: “O Papa é Pop”, Engenheiros do Hawaii + White Russian & Black Russian
Quer juntar Igreja Católica, Humberto Gessinger, vodka, O Grande Lebowski e um monte de contradições em um texto só? Pergunte-me como.
Confesso: não resisti à tentação de escrever sobre um disco chamado O Papa é Pop em meio ao Conclave – que eu espero que ainda esteja rolando na hora que esta newsletter chegar à sua caixa de entrada, caro conviva. A verdade é que eu estou enrolando há mais de um ano para escrever sobre os Engenheiros do Hawaii, essa banda que tanta gente ama odiar (ou odeia amar).
Já fiz parte durante muito tempo do primeiro grupo, assim como já fiz parte durante muito tempo da tradição da Igreja Católica. Também, pudera: com um sobrenome como Cordeiro Capelas, nada mais esperado que eu fizesse não só catequese, como crisma. O que me deu certo convívio próximo com muitas das simbologias católicas desde pequeno – já tive muitos pesadelos em torno da cantilena “cordeiro de Deus, retirai os pecados do mundo”.
Ali no meio da adolescência, porém, comecei a me dar conta de que muita coisa que a Igreja mandava fazer não fazia sentido. Acho que as primeiras fichas caíram com a contrariedade sobre um Deus vigilante, que puniria todas as nossas más ações – ao contrário da Raquel de Vale Tudo, sei que uma mentira às vezes faz bem. Ou quando ouvi um catequista dizer que a gente não deveria usar camisinha. (Na época, meu herói maior era Renato Russo, o homem que disse “safe sex or no sex at all, o importante é que vocês usem camisinha” – uma das trocentas frases que eu sei de cabeça do Acústico MTV Legião Urbana). Foi mais ou menos na mesma época que eu também comecei a estudar um mínimo de filosofia, me tornando aquele sabichão mala sem alça que dizia que era ateu. Quer dizer: eu ainda digo, eu sou mesmo ateu – e juro que o Richard Dawkins nada tem a ver com isso. Já o Sócrates…
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Mesmo já me descrevendo como ateu, tive de fazer crisma – por imposição do meu pai, que, ironia do destino, também é ateu. “Eu tenho que te dar alguma religião, Bruno, pra depois você escolher o que quiser”, disse Seu Capelas. Contestei dizendo que a crisma era justamente a confirmação da religião, mas não teve jeito. Ou teve: de tanto eu encher o saco do meu pai, minha irmã acabou livre de passar um ano fazendo aula domingo cedo e indo na missa só para ganhar mais um selinho na fila dos sacramentos católicos. O que sei é que faz anos que não entro numa igreja para ver uma missa – ainda mais se descontarmos as missas de sétimo dia. Ainda assim, não só sei um bocado de orações de cor, como talvez até lembre uma ou outra coreografia do Padre Marcelo Rossi. E, claro, estou bastante interessado no conclave.
Um lado, confesso, é porque sou cracudo de eleições. Dia desses me peguei tentando entender o sistema eleitoral do Canadá. Outro, porém, é que estou lá um bocado preocupado com os rumos da Igreja Católica. Não pela fé, mas sim pelo peso que a instituição tem no mundo Ocidental – e porque me parece quase impossível que tenhamos um papa tão positivo quanto o que acabou de morrer.

Não é só por conta do Fernet viajero, da carteirinha de sócio do San Lorenzo ou da proximidade com o Brasil, mas também porque seu Jorge Bergoglio ajudou a levar a igreja para uns caminhos legais, como visões mais tolerantes com homossexuais ou um pensamento ecológico. É um caminho cheio de contradições? Claro, dado que nenhum papa será o maior progressista da história – mas, em um sistema de pesos e contrapesos, Francisco merece meu brinde de Fernet con Coca.
A essa altura, o conviva deve estar achando que o bartender ficou bêbado depois de roubar o vinho tinto da hóstia: “afinal de contas, que raios isso tudo tem a ver com os Engenheiros do Hawaii?”. O que eu posso dizer, caro leitor, em um puro truque de retórica, é que assim como a construção de uma fé (ou da ausência dela) demora tempo, compreender Humberto Gessinger e seus amigos foi algo que levou décadas para acontecer por aqui.
Eu fui um adolescente muito ligado no rock brasileiro dos anos 1980. Já contei aqui: minha banda do colegial praticamente consistia em covers de Legião Urbana e eu adorava andar pra cima e pra baixo com uma camiseta do IRA! comprada na Galeria do Rock. Quando comecei a comprar discos de vinil, entre os primeiros estavam as duas bandas supracitadas, bem como Paralamas, Titãs e… Ultraje a Rigor (é, eu sei). Meus melhores amigos do colégio abraçaram bem o Engenheiros do Hawaii – um deles, inclusive chegou a perder um vinil da banda quando dramaticamente a agulha de sua vitrola se soltou e riscou o disco todo de uma vez. Na época, eu ri: “bem feito de gostar dessa merda aí”. Tadinho.
É engraçado: na mesma época, eu também era muito ligado em rock gaúcho. Bidê ou Balde, Cachorro Grande, Wonkavision, Superguidis, Pública, tudo isso aí rodava muito no meu mp3 portátil. Com muito tempo livre, lembro até de ouvir uma porrada de coisas aleatórias – dos pioneiros do Liverpool ao Acústicos e Valvulados. Mas nada de Engenheiros. Pra muita gente, não fazia sentido: se eu gostava dos jogos de palavras do Carlinhos Carneiro, porque não aceitava os do Humberto Gessinger? Nem eu mesmo entendia.
Eu precisei de umas duas décadas para abrir meus chakras para o Engenheiros do Hawaii – graças, especialmente, à insistência de amigos como o Marcelo Costa e o Manoel Magalhães, fãs de primeira hora da banda. E nesse processo de revisão entendi perfeitamente porque eu não gostava da banda quando era jovem. Pra começar, o Engenheiros é uma banda de raros refrões. Segundo, porque as letras trazem mais arestas do que a média do rock nacional da época.
Ao contrário de Renato Russo ou Herbert Vianna, Humberto Gessinger parece ter um pendor especial para deixar o ouvinte interpretar a letra ao seu bel prazer, ou mesmo para desorientar quem está escutando. Quer um exemplo? “Ilusão de Ótica” começa como uma balada de amor, mas lá pelo meio da canção surge um verso torto como “Na visão da macro-história nada gera um general/A visão do microscópio é o ópio do trivial”. Quê?
Há outros fatores musicais: enquanto as raízes de boa parte do rock brasileiro da época estão com um pé no punk e outro na new-wave, o Engenheiros é uma banda que nunca escondeu certa predileção pelo rock progressivo. E talvez já tenha falado aqui, mas um dos maiores símbolos de “matar meu pai” freudianamente é justamente negar o rock progressivo – tenho trauma até hoje de disputar a conexão discada com Seu Capelas no Napster e no Audiogalaxy, tentando baixar as músicas do Pato Fu enquanto ele tentava completar a discografia do King Crimson. (Vou falar que a disputa do rock progressivo talvez seja até mais ferrenha que a de não fazer crisma, se a gente for parar pra pensar). E como se não bastasse, as músicas dos Engenheiros estão cheias de teclados, sintetizadores e baterias eletrônicas. Teclados por toda parte. E não tinha nada que eu odiasse mais quando moleque do que uns teclados zoados.
Mas o tempo, mano velho, me fez compreender algumas coisas – e perceber que talvez Humberto Gessinger estivesse muito à frente do seu tempo. As letras são um bom exemplo: no lugar de refrães cativantes, o líder dos Engenheiros do Hawaii compunha slogans para serem citados por aí. É algo que faz todo sentido na música de hoje em dia – e que percebi no ano passado, enquanto assistia a um show de Letrux em Goiânia. (Perdão, leitor, mas vou cometer aqui o pecado da autocitação).
Na verdade, o que Letrux faz menos é canção, pelo menos naquele formato padrão de “parte A, parte B, refrão” que muita gente se acostumou a ouvir. Há um motivo para isso: ela é uma performer tão preciosa e tão atenta ao seu trabalho que é fácil perceber que um conjunto de canções de tal sorte não são, necessariamente, o que daria a ela o melhor material para seu espetáculo. Mais do que ouvir a plateia encobrindo sua voz, Letícia parece especialmente interessada em dividir charme e catarse com seu público, em relatos altamente identificáveis e compartilháveis (“tu me deu um corte”, “como se diz pra alguém ‘eu não me apaixonei por você’”), numa mostra de sintonia com o seu (e o nosso) tempo.
Se os versos de Letrux são facilmente recortáveis para serem citados em stories e tweets, por que não os de Humberto Gessinger? Eles estão disponíveis aos montes – “pra ser sincero não espero de você mais do que educação”, “da próxima vez, só uísque escocês”, “mas afinal, o que é rock’n’roll? Os óculos do John ou o olhar do Paul?”. Tem até um ótimo pra você citar nessa semana de conclave se quiser causar com os amigos de fé: “Toda catedral é populista, é pop/é macumba pra turista”.
Outro ponto que me ajudou a fazer as pazes com Humberto Gessinger é o fato de que ele nunca teve muita vergonha de assumir suas contradições. Quer algumas? Que tal o brizolismo confessional que o levou a gravar “Era Um Garoto Que Como Eu”, hit do rock spaghetti conhecido na versão d’Os Incríveis, banda que ficou marcada pela história pelo colaboracionismo com a ditadura? Ou o mesmo brizolismo sendo colocado lado a lado com uma foto do Papa João Paulo II tomando chimarrão na capa de um disco, em uma foto que foi cedida justamente por Leonel Brizola?
E que tal contrapor esse abraço em Karol Wojtyła, considerado um dos principais artífices da queda do comunismo na Polônia, com o fato de que os Engenheiros do Hawaii se orgulhavam de ser uma banda que excursionou pela decadente União Soviética? (Dá pra continuar: JPII também foi um dos maiores opositores da Teologia da Libertação, que tinha no gaúcho – e socialista – Leonardo Boff um de seus maiores artífices… Mas vamos parar por aqui).
Isso para não falar na cara dura de assumir certas escolhas estéticas. Se os Paralamas do Sucesso ficaram vermelhos ao ver a versão final de “Vital e Sua Moto” com o coro dos Golden Boys enxertado pela EMI, não deixa de ser interessante ver os mesmos irmãos Corrêa aparecendo em pleno stereo na faixa-título desse disco lançado em 1990? E o que dizer da presença da cantora mirim Patrícia, do Trem da Alegria, nos backing vocals de “A Violência Travestida Faz Seu Trottoir”? (Para quem não reconheceu, vale o aviso: pouco tempo depois, Patrícia relançaria sua carreira com um sobrenome sugestivo. Marx, claro).

A ferro e fogo, talvez um dos pontos mais interessantes de Gessinger é que ele é uma espécie de líder antimessiânico. Se Renato Russo e Cazuza se tornaram célebres justamente por uma conduta meio heroica, Gessinger nunca quis muito ocupar esse espaço – ainda que, ao escrever canções como “O Exército de Um Homem Só”, ele justamente tenha feito isso. (E aqui faço um desvio para notar que o mesmo recurso poético seria usado por outra banda controversa 20 anos depois: os Los Hermanos e seu Bloco do Eu Sozinho). Ele mesmo já tinha avisado: ouça o que eu digo, não ouça ninguém – frase que dá nome ao terceiro disco de estúdio da banda, o antecessor de O Papa É Pop.
Mais do que apenas saber lidar com as contradições e não deixar uma vida nas mãos de uma banda de rock, Gessinger soube entregar outros conselhos aos seus ouvintes – como o de não acreditar em tudo que se vê por aí. Dito assim, parece meio besta, meio arcaico à la São Tomé. Mas o jeito que ele fez isso é interessante demais: se você conhece “O Papa É Pop”, a canção, dê o play em “Perfeita Simetria”, disponível apenas no streaming e na versão em CD do álbum. Mais não digo pra não estragar a surpresa – mas fico aqui cantarolando o ótimo verso “ao tempo em que nada nos dividia/ havia motivo pra tudo e tudo era motivo pra mais”, pensando no que ele pode dizer não só sobre uma relação, mas também sobre… a Igreja Católica.
Não sou só eu que estou ativamente olhando para o conclave. Acredito que o mundo inteiro esteja – mais um efeito da crise política que nos encontramos, do avanço do fascismo e de uma porção de outras coisas. Sei que parece meio esquisito um ateu torcer pelo futuro da Igreja Católica, mas é justamente isso que estou fazendo, abraçando também as minhas contradições. Talvez seja porque sinto saudade do tempo em que muita gente dizia que era “católica não praticante” e seguia em frente com sua vida. Ou porque sinto saudade do tempo em que ver alguém votando no candidato do outro partido não significava uma cisão civilizatória.
Achei que não ia falar de política hoje, mas… bem, a culpa não é minha, é só o Humbertinho contagiando o rolê. Nessa eleição, porém, nem tudo é tão simples quanto parece: um religioso não é só “de esquerda ou de direita”, progressista ou conservador. Aqui, entram em jogo muitas questões que não dizem muito respeito a um ateu. Sei que só nos resta esperar para ver a fumaça subir – e pra não dizer que não falei dos drinks, escolhi dois logo de uma vez para fazer um chiste besta. Para ficar no clima de Roma, encerro com uma frase em latim: alea jacta est.
A Receita
Para o Black Russian:
60 ml de vodka
30 ml de licor de café
Para o White Russian:
os mesmos ingredientes de cima, mais:
30 ml de creme de leite
noz moscada ralada na hora (a gosto)
Se eu fiz piada com O Papa é Pop, porque é temporada de conclave, nada mais justo do que ter uma dupla de drinks para uma temporada em que há uma grande diferença entre uma fumaça branca e uma fumaça preta. Muitos de vocês talvez conheçam o White Russian de O Grande Lebowski: é o coquetel favorito do Dude, o icônico personagem de Jeff Bridges. Pois bem: confesso que muito antes do conclave, a barba e os cabelos longos do Dude me remeteram aos de Humberto Gessinger como blague para este pareamento. Hoje, porém, vejo outra piada: The Dude é uma chaminé… e assim como o conclave, adora jogar fumaça pro alto.

Além disso, a própria origem do Black Russian e do White Russian me fizeram justificar a harmonização: ao contrário do que se imagina, os dois coquetéis nasceram mesmo é nos EUA, após a Segunda Guerra Mundial, em meio a um grande período de popularização da vodka no país. Em meio a Guerra Fria, claro que vodka seria sinônimo de Rússia. É o tipo de ironia que imagino que Humberto Gessinger apreciaria – embora eu imagine que ele prefira o Black Russian, mais seco, à versão leitosa do coquetel. Também imagino que a brincadeira entre White Russian e Black Russian agradaria ao autor da dupla “O Papa É Pop” e “Perfeita Simetria”.
Se você leu a lista de ingredientes com atenção, já deve ter percebido que o que diferencia o White Russian do Black Russian são 30 ml de creme de leite. Não é uma diferença à toa: o creme de leite, além de alterar a cor do coquetel, também vai dar uma suntuosidade especial ao drink que o Dude chamava de “the caucasian” (o caucasiano, em tradução literal). Confesso, porém, que daqui prefiro o Black Russian por ser mais seco e direto ao ponto, como um café coado bastante alcoólico. De qualquer maneira, deixo as duas receitas aqui como sugestão de um drinking game: a cada fumaça preta indicando que no habemus papam, um Black Russian, até que a fumaça branca surja permitindo um White Russian. Só espero que você tenha fígado pra aguentar.
No mais, fazer os dois coquetéis é bem simples. Para o Black Russian, separe um mixing glass e insira a vodka e o licor de café – aqui em casa, usei Absolut e o guerreiro Stock, respectivamente. Misture os dois com gelo e coe para um copo rocks, já com gelo dentro. Para o White Russian, basta seguir com dois passos adicionais: depois de coar a mistura, coloque o creme de leite de maneira delicada no copo, para que ele flutue sobre a bebida. Para terminar, raspe um pouquinho de noz moscada. Garanto que o uso da especiaria que motivou grandes navegações fará diferença, deixando sua bebida com um gostinho de inverno que os dias frios aqui em São Paulo já pedem. Saúde, conviva.
Reclames do Mês
No Programa de Indie, tivemos um mês bastante agitado, obrigado! Nas últimas semanas, conversamos com gente como Will Toledo, do Car Seat Headrest, armamos duas edições de Manuais do Power Pop e ainda revisitamos os discos de 2010 – uma temporada que eu guardo com muito carinho. Chega aí.
O filho pródigo à casa torna: uma das coisas legais que rolaram neste mês de abril foi uma colaboração bem bacana com o Estadão em uma série de matérias sobre a Brazil at Silicon Valley. Tem de tudo: de entrevista com startup gringa que tá usando CO2 do ar pra fazer combustível até um papo sobre a primeira startup brasileira a levantar grana com o mítico fundo Sequoia desde o Nubank.
Abril também foi um mês bastante ativo nas coberturas para o Scream & Yell. Respire fundo: saíram longos papos com Lestics e Supervão, bandas donas de dois grandes discos de 2024, além de uma entrevista coletiva com o Air, que toca aqui o seu Moon Safari neste mês de maio. Também cobri shows de Arnaldo Antunes, o hermano Andrés Calamaro, Terraplana e um delicioso festival com Eliminadorzinho, Chococorn and the Sugarcanes e Bella e o Olmo da Bruxa. Ufa!
Pra quem ler a news nesta quinta-feira, um convite: vou mediar um debate entre o Leonardo Vinhas (autor do ótimo O Evangelho Segundo Odair) e o Jotabê Medeiros (biógrafo de Raul Seixas, Roberto Carlos e Belchior) na Livraria Na Nuvem, no Bixiga, hoje à noite. É a partir das 19h!
Pra fechar a conta: no YouTube, além dos shows acima, também tem uma porção de vídeos do Circuito Nova Música (Jadsa, Fausto Fawcett, Ottopapi, Maré Tardia), da Maglore no Cine Joia, do Jon Spencer, do Tindersticks, da Gueersh, do Wagner Tiso… e da noite incrível que eu e o Igor Muller discotecamos no Porta, com Retrato, Lucas Gonçalves e a novaiorquina Your 33 Black Angels. Chega mais!
Ide em paz, caros convivas, e que um bom disco vos acompanhe.
Um abraço,
Bruno Capelas
PS: Este texto foi escrito ao som de extensas audições de O Papa é Pop, bem como de Alívio Imediato e Longe Demais das Capitais, dos Engenheiros do Hawaii. Mas, ao contrário do que se espera, eu escrevi a newsletter desta vez tomando uma Dark Lager da Kaiserdom, comprada recentemente no Zaffari… de São Paulo, para fazer jus também ao gostinho de café torrado. Se você for à Pompeia, fica a dica: pode comprar as Kaiserdom de balde pra beber.
PS2: Sei que sumi nas últimas semanas e esta carta chegou à caixa de entrada de vocês com algum atraso. A resposta é a mesma de sempre: muito trabalho e a busca pelo equilíbrio entre o que paga as contas, o descanso e o lazer. Pra compensar o sumiço em abril, prometo que vou tentar mandar uma ou duas edições a mais este mês. Torçam por mim.
PS3: Quero mandar um grande abraço pro Marcelo Costa e pro Manoel Magalhães, que muito tentaram para me envolver no Engenheiros do Hawaii. Deu certo. Ainda neste PS, acrescento: não consegui nem falar da minha música favorita do disco, “Anoiteceu em Porto Alegre”, um dos grandes hinos sobre uma cidade cheia de grandes canções – e excelentes bares, como atestei no recente guia que escrevi aqui. Mas reforço aqui a dica para você ouvir.
PS4: Esqueci de comentar durante o texto porque não tinha relação, mas: sabia que Seu Capelas não gosta dos Engenheiros do Hawaii? E que ele é engenheiro civil, ao contrário de Humberto Gessinger, que estudava Arquitetura? E que o dia do Engenheiro se comemora em 11 de dezembro? Marca aí no seu calendário para dar parabéns pro engenheiro que faz parte da sua vida.
PS5: Ainda no tema das conexões caóticas deste disco com a Igreja Católica: que tal esse vídeo que pintou no Bluesky essa semana?
PS6: Uma das tradições católicas que eu mais curto acompanhar é entender como o nome de um papa influencia sua visão política. Além de torcer para um Francisco II não só pelo argentino, mas também por São Francisco de Assis, preciso compartilhar meu desejo caótico: se o papa for brasileiro, bem que ele podia escolher o nome de Humberto, né?
PS7: Achei curioso que ao longo do texto eu usei a palavra “confesso” quatro vezes. Talvez seja um dos momentos em que a cultura católica mais apareça em mim. Não acho que seja à toa: o conceito da confissão talvez seja um dos mais interessantes que a Igreja Católica popularizou. Mas aqui entre nós, prefiro fazer as minhas confissões ao meu terapeuta – uma profissão de fé mais na ciência da Psicologia do que exatamente em qualquer religião.
PS8: Pra fechar, uma lista de cinco grandes canções sobre padres, papas e pregadores. “O Papa é Pop”, “Papa Don’t Preach”, da Madonna, “Son of a Preacher Man”, com a Dusty Springfield, “Build”, do Housemartins, e “Surfin’ Bird”, dos Ramones. Entendedores entenderão.
Foi o dia todo para ler, mas valeu a pena. Primeiro porque já fui católica não praticante, além de ouvir Engenheiros, mas de forma mais jovial, sem saber os detalhes. Depois porque trabalhei como bartender em uma balada no começo do século, e batia Black/White Russian para os jovens mais velhos que eu da época.
Faz tempo que não ouço esse álbum, então hoje é o dia! Edição maneiríssima da news :)