#52: “Rita Lee (1980)”, Rita Lee + Breakfast Martini
Um drink de café na cama com um disco de amor & sexo – ou um pequeno ensaio sobre coisas que aprendi nesses quase dois anos de newsletter
Em julho de 2022, quando começamos essa jornada entre agulhas de vitrola e coqueteleiras, a primeira edição da Meus Discos, Meus Drinks e Nada Mais celebrava Rita Lee e aquele que considero seu melhor disco: Fruto Proibido, lançado em 1975 ao lado da banda Tutti Frutti. Na época, a Meus Discos ainda era uma newsletter semanal, e mal sonhava eu que este bar teria fôlego para mais de 50 edições e juntaria mais de 1,5 mil assinantes. Na verdade, esta é a sugestiva 69ª vez que eu envio uma missiva direto à caixa de entrada dos convivas, mas apenas o 52º disco que escrevo por aqui. Também neste começo de maio, completamos um ano sem Rita Lee neste planeta – e digo “neste planeta” pois aposto que ela segue passeando por outras paragens pelo espaço. Nessa confluência de datas e números, considerando ainda o ano-mais-que-completo da newsletter, achei que nada faria mais sentido nessa semana do que voltar a falar de Rita. E de um coquetel diferente. E também das coisas que aprendi aqui e acolá ao longo desses quase dois anos.
Talvez uma das mais importantes para esse texto foi abrir meus ouvidos para uma fase da carreira de Rita Lee para a qual nunca dei muita bola: os primeiros momentos da união com Roberto de Carvalho, uma sequência discográfica cheia de hits que começa ali no final dos anos 1970 e vive grandes momentos pelo menos até meados da década de 1980. E para isso, vale lembrar: se os Mutantes foram uma das primeiras bandas de rock que amei na vida (quando ainda era só um moleque de 9 anos com um óculos fundo de garrafa), os discos da fase Tutti Frutti foram companheiros importantíssimos na adolescência e fase adulta – não à toa, Fruto Proibido apareceu aqui nessa newsletter justamente entre a delícia da descoberta de algo novo (a vida pós-CLT) e a insegurança de quem vive num apartamento perdido na cidade.
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Nesse ínterim, eu torcia o nariz toda vez que alguém vinha falar da importância de outra Rita Lee, mais pop, mais dançante e mais sexy, que desabrochou entre os escombros do Tutti Frutti e os primeiros capítulos do relacionamento com o carioca Roberto de Carvalho – que, antes de Rita, tocava com Ney Matogrosso e “gostava de boa vida e guitarra”, como explicou Ana Maria Bahiana em um perfil delicioso da cantora em Nada Será Como Antes. Até hoje, um dos motivos pelos quais não gosto muito da autobiografia de Rita Lee é o fato de que ela despreza um bocado de sua trajetória com os Mutantes e o Tutti Frutti, mas tece loas e mais elogios ao período discográfico que se abre com o auto-intitulado Rita Lee, de 1979 – o disco com a tatuagem nas costas em capa de Hans Donner e uma porção de hits, incluindo “Chega Mais”, “Papai Me Empreste O Carro”, “Doce Vampiro” ou “Mania de Você”.
Não acho que seja à toa a percepção dela: seja pela versão de Rita ou em outros cantos, é fácil perceber que os anos 1960 e 1970 não foram lá muito fáceis para a cantora. Nas duas primeiras eras de sua carreira, ela teve de lidar com ambientes extremamente masculinos, egos inflados, empresários possessivos e megalomaníacos, ditadura, boas doses de machismo roqueiro e, para coroar tudo isso, uma prisão por porte de drogas e uma gravidez inesperada. Emergiu desse caos não só com um relacionamento criativo, mas também com um companheiro para a vida toda, além de um hit fortuito (a divertida “Arrombou a Festa”, espécie de “Festa de arromba” às avessas da MPB da época) e uma nova energia vital. Pode parecer besta o que vou dizer, mas parece que foi só com Roberto de Carvalho que Rita Lee encontrou a melhor frequência que o sexo pode trazer para uma pessoa – e não è à toa que, tal como aquele amigo ou amiga que acabou de começar a namorar, ela fale tanto de sexo em suas canções.
Durante muito tempo, confesso que achava tudo isso bem besta: por que raios é que eu iria ouvir um bolero enguitarrado como “Caso Sério” quando tinha à disposição a confusão de “Mamãe Natureza” ou os riffs heavy de “Ando Jururu”? Por que renegar “Ando Meio Desligado” ou qualquer outro petardo monstruoso dos Mutantes? O que esse carioca tem de tão especial pra mudar a cabeça da mais paulistana das cantoras? E o que havia de tão bacana em falar aos quatro cantos “me deixa de quatro no ato/me enche de amor”?
Além disso, os arranjos desses discos me irritavam: enquanto no Tutti Frutti eu tinha as guitarras poderosas de Luís Carlini bem à frente, o que aparecia agora eram cordas, baixos sacolejantes, coros e até mesmo uma vibe meio… dançante? “Quem era Rita Lee pra largar o rock’n’roll para trás, hein?”, pensava eu anacronicamente, uns trinta ou quarenta anos atrasado nessa discussão.
Tardiamente, as fichas foram caindo. Algumas sentiram o efeito da gravidade por osmose – de tanto ouvir meu pai colocar a versão de “Mania de Você” do Acústico MTV pra tocar, a melodia (e o belo canto de Milton Nascimento) acabaram grudando na cabeça por semanas. Outras foram mais conscientes: poucos dias após a morte de Rita Lee, eu e Igor Muller gravamos um Programa de Indie todo dedicado a ela. E os pontos em que mais aprendi e curti gravar não foram necessariamente aqueles da discografia que eu mais gostava, mas justamente os que ignorava.
De repente, passei a enxergar os reflexos de Rita Lee em todo lugar. Ela estava nas frases do cotidiano que aproveitou em suas letras. Ou nas que cunhou com a própria pena e viraram ditados de tão populares. Os caracteres de seu DNA começaram a pipocar na minha frente em um sem-número de artistas da música brasileira atual. É como Lulu Santos diz, em entrevista ao livro Pavões Misteriosos, de André Barcinski: “Essas músicas tinham uma linguagem mais suave, mais gostosa, mais acessível. Rita solo foi meu farol, minha luz-guia. O período de sucesso popular de Rita e Roberto de certa forma orientou minhas escolhas e investidas profissionais”.
E não foi só ele, claro – de Pato Fu a Zélia Duncan, de Marina a Letrux, passando por Ana Frango Elétrico & outros bichos, há muita gente inspirada em Rita. E bem, quando dei por mim, lá estava eu reescutando discos que eu desprezava, caçando esses mesmos bolachões nas feirinhas de vinil. (Não é preciso dizer que paguei uma nota em LPs que eu poderia ter pago bem mais barato há mais de uma década).
O processo evolutivo não foi só auditivo, acredito eu, mas também passa por um amadurecimento pessoal. Pode me chamar de adolescente: o que eu achava meio meloso era, na verdade, uma mulher em seu pleno esplendor. Uma cantora e compositora que não tinha vergonha de nada (a ponto de se autointitular “maria sem vergonha no seu jardim”), a não ser a vergonha de ser careta. Uma mulher que não só faz o que quiser, como ainda arrasta um séquito de admiradores, mesmo de narizes torcidos – e que delícia é o verso “diz que tem ciúme/mas gosta de me ver rebolar”. E enquanto a ditadura e a censura estrebuchavam, Rita ajudou os brasileiros em aulas de educação sexual & sentimental sem nem perder a pose. Uma loba, diriam os jovens – e que uiva alto pra Lua.
Inicialmente, o disco escolhido para falar desa história toda seria o Rita Lee de 1979, que não é só o álbum mais repleto de hits, como também tem as canções mais simbólicas dessa fase – “Doce Vampiro” e “Mania de Você”. Mas ao escutá-lo, achei que ele não combinava tão bem com o drink que escolhi para voltar a falar de Rita Lee: o Breakfast Martini. Achei que o álbum de 1979 era pouco matinal, muito agitado para a textura suave da geléia no paladar (já explico, prometo). Daí, pulei um ano adiante e achei o que eu precisava no Rita Lee de 1980, aquele da capa marrom em que Rita aparece num look esvoaçante e cheio de charme.
Desde os primeiros segundos, ele já exala esse clima mais alegre das manhãs. É verdade, é verdade: “Lança Perfume” é uma canção de festa, mas a introdução instrumental (cortesia de Lincoln Olivetti) é como um abrir de cortinas que deixa a luz do sol entrar por uma fresta no leito de amor. Em “Shangrilá”, Rita Lee parece sussurrar, como em qualquer diálogo louco envolvido entre lençóis. E eu nem preciso falar muito sobre “Caso Sério”, outra canção em que a cantora parece soltar sua voz em meio a carícias e carinhos, preciso? (Ok, preciso: ainda acho muito esquisito o verso “misto quente/sanduíche de gente”, mas faz parte).
Fato é que, desde o primeiro instante em que eu provei um Breakfast Martini, eu sabia que ele tinha tudo a ver com Rita Lee. Na receita original, o coquetel leva gim, limão siciliano, licor de laranja e geléia de laranja. Mas quando provei, por cortesia do grande amigo Guilherme Bottino em uma noite deliciosa de coquetéis feitos em casa, não tinha geleia de laranja; só de frutas vermelhas, o que deixou a mistura bem próxima ao Cosmopolitan. Ao preparar esta coluna, fiz mais uma alteração: troquei o licor de laranja por um licor de cereja, o que fez o coquetel ganhar em camadas de doçura, mas sem perder uma acidez. Pode ser que seja uma liberalidade chamar o que fiz de Breakfast Martini, mas prefiro seguir a própria ideia de Rita Lee, que já dizia fazer “roque”, e não rock. Ela explica, em entrevista a Ana Maria Bahiana no mesmo perfil do já citado Nada Será Como Antes:
“Sabe que não gosto de ficar dizendo que faço rock? Sabe que isso não quer dizer nada pra mim? Aí eu já pego e escrevo r-o-q-u-e, com q mesmo, já é uma outra coisa, não é ficar fazendo rock. Isso é impossível, a gente vive aqui, no Brasil, tem que se ligar nisso e falar das coisas daqui. Eu sou uma pessoa que anda na rua, ouve rádio, vê TV, conversa com as pessoas. Eu componho assim como eu vivo, como eu falo, como as pessoas falam á minha volta. A gente tem que dar esses tiques.”
Com a adição do licor de cereja, o que é algo próximo ao Cosmopolitan ganha um gosto de fruta mordida, como diria Cazuza. E se ainda lhe soa similar, eu preciso dizer que são drinks diferentes. Pela aura, o Cosmpolitan é Carrie Bradshaw perdida na cidade, é sexo confuso, é juventude, é transar depois de três drinks com alguém que você não conhece bem e voltar de Uber para casa no meio da madrugada (o que tem lá sim, muito valor). Já o Breakfast Martini é a maturidade de saber que tá tudo bem começar um domingo preguiçoso com um coquetel potente, é a beleza de transar de manhã com alguém que passou a noite fazendo conchinha com você, é café na cama com beijo com gosto de geléia, depois ter um cochilo gostoso e acordar mesmo lá pelas 13h ou 14h.
E se tudo isso parece muito doce, saiba que não é: ao fundo da doçura da fruta, este Breakfast Martini tem a acidez do limão e dos frutos vermelhos para compensar; sem falar na potência alcóolica rock’n’roll.. ou seria roque enrow? Da mesma forma que Rita Lee também é um disco r-o-q-u-e. E não estou só falando da maravilhosa “Ôrra Meu” e o definitivo verso “roqueiro brasileiro sempre teve cara de bandido”. É também muito rock’n’roll terminar uma música gemendo, sem querer saber o que os vizinhos vão pensar, como Rita faz na rumba modernizada de “Baila Comigo”. Ai, ai, ai…
Talvez essa necessidade de aproximar as coisas ao rock seja algo que eu deva levar pra terapia, eu sei. Mas quando alguém faz aquela infame pergunta “de que música você gosta?”, minha melhor resposta nos últimos anos foi dizer que “eu sou alguém que gosta de um monte de música diferente, mas olho pra tudo a partir da lente do rock”. O que espero que não me aproxime muito da turma do Café Piu Piu, mas nem sempre sei se sou compreendido.
Tudo bem: com o tempo, acho também que aprendi a querer ser mais “uma pessoa comum, um filho de Deus”, como Rita diz em uma das melhores letras que pariu na sua carreira, “Nem Luxo Nem Lixo”. Posso não gostar tanto do arranjo suingado que a música tem, mas nem mesmo ele é capaz de esconder a beleza desse refrão, que talvez retrate uma das coisas que eu mais tenho almejado nos últimos tempos. Encerro esse texto mais uma vez celebrando Rita Lee, por mais uma vez abrir os caminhos – e também espero, aqui da minha kitchenette em Santa Cecília, “nem luxo, nem lixo/quero saúde pra gozar no final”.
Saúde!
A Receita
45 ml de gim
25 ml de limão
5 ml de licor de cereja
uma colher de sopa de geléia de frutas vermelhas
Pois bem, pois bem: como comentei durante o texto, a receita original do Breakfast Martini leva geléia de laranja e triple sec, o nosso querido licor de laranja. Mas em nosso petit comité recente, o grande Guilherme Bottino substituiu a geléia de laranja pela de frutas vermelhas, que é o que eu tinha à disposição aqui em casa. O sabor ficou delicioso, mas achei que poderíamos ir mais longe – até porque no improviso do improviso, eu tinha mesmo era curaçau blue e o drink ficava com uma terrível cor entre o violeta e o acinzentado. Com o licor de cereja, porém, a coisa ficava bonita do jeito que vocês viram lá na foto do começo. No entanto, fica aqui a brincadeira: mantida a base de gim & limão, imagino que você pode variar como quiser o seu Breakfast Martini com geléias e licores mil.
A receita aqui de casa, portanto, vai dessa forma: com licor de cereja e geléia de frutas vermelhas – menos alcóolica que a original, mais gosto de fruta e caramelo de geléia na brincadeira. Para fazê-la, o processo é mais simples do que parece: coloque tudo dentro da coqueteleira com bastante gelo, bata bem e sirva a mistura num copo rocks com gelão, se possível passando tudo pelo coador (ainda mais se a sua geléia for daquelas “com pedaços da fruta e sementes”). Et voilá: está pronto seu Breakfast Martini.
Reclames da Semana
Programa de Indie chega aqui com rodada tripla nessa semana, mas a causa é nobre. Isso porque eu e o sócio Igor Muller tiramos do forno ontem mesmo uma entrevista especialíssima com o Jeff Parker, do Tortoise – grupo de jazz/post-rock esquistão que ama música brasileira e toca em São Paulo na quinta que vem, cortesia da turma da Balaclava.
Além disso, tem dois programas incríveis: um com os 30 anos de Da Lama ao Caos, de Chico Science & Nação Zumbi, e outro só falando dos discos especiais de 2009.
Enquanto isso, lá no Scream & Yell eu tive a honra de cobrir um dos mais longevos festivais do Brasil, o Goiânia Noise Festival, que chegou em 2024 à sua 28ª edição. Um baita festival da turma da Monstro Discos, com grandes shows de Boogarins, Violins e muito mais. Aqui, a cobertura em 3 dias:
De quebra, também pro Scream & Yell, cobri ainda os shows de Tom Jones e de Amaro Freitas em São Paulo.
Em Cajuína, tem um papo meu com a Naamisis Campos, CHRO da RD, sobre temas tão diversos quanto inteligência artificial, maternidade e people analytics.
Pra fechar, lá no canal do YouTube tem vídeos não só do Goiânia Noise e dos shows que eu cobri pro Scream & Yell, mas também do Otto celebrando os 15 anos de Certa Manhã Acordei de Sonhos Intranquilos. Canta comigo: “até pra morrer, você tem que existir”.
Último conselho da semana: tome um ou dois desse Breakfast Martini no fim de semana e convide seu amor pra bailar contigo, como se baila na tribo. Não acho que tenha chance de dar errado, mas me conta mais na próxima newsletter?
Um abraço,
Bruno Capelas
PS: Este texto foi escrito ao som dos dois discos Rita Lee, o de 1979 e o de 1980. Ambos tem uma porrada de músicos incríveis nos acompanhamentos, um verdadeiro dream team dos estúdios naquela virada de década (completar com as fichas técnicas). Também contou com doses adicionais de Nacional, do Transmissor, em meio às batidas das coqueteleiras, enquanto os últimos caracteres tiveram Fullgás, da Marina Lima, como trilha sonora.
PS2: Enquanto eu escrevia, eu também tive a manha de comprar finalmente Nada Será Como Antes, esse livro histórico de entrevistas e perfis da Ana Maria Bahiana, um dos textos mais deliciosos e sensíveis que o jornalismo cultural brasileiro produziu. O livro teve duas edições, uma da Civilização Brasileira e outra da Senac Rio, e ambas estão esgotadíssimas, mas dá pra achar em sebos ou na Estante Virtual. Pra quem é de Kindle, teve reedição também, mas confesso que esse é o tipo de livro que gosto de ter sempre à mão pra consultar. Assim como o Pavões Misteriosos, do Barcinski, que também citei aqui.
PS3: Comentei en passant de maneira educada no começo do texto, mas volto aqui pra celebrar: entre a última edição e esta, batemos a marca de 1,5 mil assinantes aqui na newsletter. É um número que me orgulha demais, até porque essa história de juntar música e mixologia não é exatamente a ideia mais popular ou acessível do rolê. Mas aviso: o bar está em obras para receber ainda mais gente, viu? Só puxar uma cadeira e sentar que o garção já vai te atender…
PS4: Por fim, mas não menos importante: fiquei feliz demais com a citação recente que a
fez da última edição desta newsletter aqui, a da Celly Campello, na sua – que, inclusive, vai virar livro. Chique demais, parabéns Gaía! E obrigado mais uma vez pela leitura!
bruno do céu, como vc consegue escrever tanto por edição? inveja honesta
já tava na hora de perder sua tromba com a rita solo e pra dançar lança perfume comigo na sala