Diário de Viagem: 12 lugares para beber em Buenos Aires
Dos botecos de bairro a alguns dos melhores bares de coquetelaria do mundo, a capital argentina tem opções para todos os convivas; vermute, cerveja, gim, vodka e bons comes em um guia especial
Eu sei que eu tinha prometido voltar a falar de música brasileira aqui essa semana. Mas eu também tenho vários amigos me cobrando dicas de Buenos Aires e achei por bem já escrever esse texto de uma vez, enquanto a memória da viagem ainda é tinta fresca na cabeça. Ao contrário de Montevidéu, que tinha uma série de objetivos turísticos, a ida a Buenos Aires tinha como principal meta comer e beber bem na companhia da
. Afinal de contas, não é sempre que a gente viaja para um país em que o real está valorizado – e que está cheio de opções gastro-etílicas a preços módicos. Fica aqui o meu conselho insistente: se você tiver algum dinheiro sobrando no bolso (não tá fácil) e busca um destino pra viajar, compra logo uma passagem pra Buenos Aires e seja feliz.Mais do que só preços módicos, a capital argentina oferece botecagem da boa para todos os bolsos: dos botecos de bairro a nada menos que quatro bares na lista dos 100 melhores do mundo, é possível ser feliz de todo jeito na capital ocidental do Rio da Prata. A meta dessa lista que vem a seguir é justamente mostrar um pouco dessa variedade, não só em bares, mas também em restaurantes que servem bons drinks – e até mesmo em locais que oferecem aos convivas suas próprias receitas de destilados & fermentados.
Dito isso, valem alguns disclaimers:
tal como em Montevidéu, a lista foca em cerveja, destilados e coquetéis, sem muito espaço para o vinho (pelo motivo de que eu manjo muito pouco da bebida);
todas as bebidas foram pagas por mim (ou pela namorada), com exceção daquelas que um ou outro bartender resolveu me dar de graça;
como a lista inclui também restaurantes, eventuais dicas de comida vão aparecer pelo caminho;
todas as dicas têm endereço dos locais e Instagram (ultimamente, o melhor jeito de pesquisar restaurantes); no mais, cabe a você fazer aquela lição de casa.
os preços aqui utilizam como referência o que eu paguei em abril de 2023, com a conversão aproximada de R$ 1 para AR$ 75, usando a cotação paralela obtida via Western Union (falo mais disso nos PS, ok?). Com a inflação e também a variação do real frente ao dólar, valores em absoluto podem mudar, mas a lógica de “tá barato” segue a mesma.
este texto fatalmente vai estourar o limite de toques de um email, então não esqueça de clicar em “ver toda a mensagem” antes de me xingar por acabar a news no meio.
Agora sim, vamos à lista? Y dale, dale, dale alegria a mi corazón.
Varela Varelita
Se eu morrer em Buenos Aires, enterrem meu coração na esquina do Varela Varelita. Em poucos lugares dá pra ser tão feliz com tão pouco dinheiro – e em um estabelecimento com tanta alma. Fomos beber nessa distinta casa de Palermo numa quarta-feira às 15h e o local estava repleto de senhores de meia-idade, que aproveitavam para tomar um café, um vermute, ler o jornal ou até mesmo fazer um glorioso boteco office. Fundado em 1950, o Varela Varelita é o que pode se chamar de boteco argentino arquetípico: tem empanadas (a de queijo e cebola roxa é inesquecível), panchos, milanesas e, claro, muitos destilados.
A coquetelaria aqui não tem frescura: ela se baseia nos tragos típicos locais, como o Fernet con Coca, o Campari con Naranja (mais conhecido como Garibaldi) e até mesmo um distinto Cynar Pomelo, que mistura o destilado de alcachofra com refrigerante de toranja (levemente mais azedo que a Schweppes Citrus vendida no Brasil). Foi a minha escolha, numa dose mais que generosa: em um copo alto, com uma pedra de gelo, a dose é servida em um dedo de altura – “na vertical, não na horizontal”, explica o garçom aos risos, em meio a pôsteres de filmes como Esperando o Rabecão e Argentina, 1985.
Endereço: Av. Raul Scalabrini Ortíz 2102, Palermo
Instagram: @varela.varelita.oficial
El Federal
Já falei na semana passada sobre meu respeito a bares que deixam gente bêbada há décadas. E que tal um estabelecimento que o faz há quase 160 anos? Essa é a história do El Federal, um bar de esquina aberto em 1864 que pode até passar desapercebido a quem visita San Telmo –mas não deveria. Com seu balcão de madeira histórico, picadas de queijo e salumeria e um simpático amendoim cru servido como tira-gosto a qualquer cerveja ou trago, o El Federal foi uma surpresa boa quando eu fui a Buenos Aires pela primeira vez, em 2016, e me hospedei num hostel ali do lado.
A uma quadra do Mercado de San Telmo, ele é um destino lotado aos domingos, quando turistas de todo canto correm para visitar a feira de antiguidades do bairro. Em outros dias, ele é mais tranquilo, mas nunca está vazio – e basta pedir uma das cervejas da casa para entender o porquê. Além das bebidas e da aura, a cozinha também se destaca: foi lá que eu comi um dos bifes mais gostosos da viagem, com molho de pimenta e batatas fritas descascadas à mão, como se preza. Raiz demais. (PS: Se estiver na região, aproveita também pra tomar um vermutinho no Lo de Lucia, ali no Mercado de San Telmo! Bom demais!)
Endereço: Av. Carlos Calvo 599, San Telmo
Instagram: @bareslosnotables
El Preferido de Palermo
Localizado na vizinhança onde nasceu Jorge Luís Borges, o El Preferido de Palermo é uma espécie de Lázaro dos botecos portenhos. Sua primeira vida foi de 1952 a 2018, sob o comando de uma família asturiana, em um espaço bem tradicional, misto de mercearia com bar & restaurante dos pratos clássicos de Buenos Aires – lembro de ir nele em 2016 e jantar uma apetitosa provoleta. Pouco antes da pandemia, porém, o bar faliu e foi comprado por Pablo Rivero, dono também da famosa parrilla Don Julio (mais detalhes, em breve).
Mais do que só voltar à vida, o El Preferido virou outra parada: um bar gourmet, de cozinha excelente, e que o digam as incríveis batatas doces assadas na parrilla que comemos. Sentar no balcão após quase duas horas de fila foi um consolo inesperado, no qual era possível assistir aos mínimos detalhes (e me fez ter certeza de que minha apreciação pelo trabalho de cozinha é inversamente proporcional à minha vontade de desempenhar essa tarefa). Reservar é chato, mas dá pra encarar a fila numa boa com as doses de gim-tônica e empanadinhas gratuitas.
Endereço: Jorge Luis Borges 2108, Palermo
Instagram: @elpreferidodepalermo
La Fuerza
Se no Brasil o vermute costuma ser rejeitado enquanto trago, sendo mais lembrado como ingrediente do Negroni, na Argentina ele é coisa séria demais. Tanto que sair à noite para beber vermute é um programa por si só, com bares e bares dedicados à bebida. Um dos mais legais é o La Fuerza, que além de ter um espaço cheio de charme (e bem LGBTQ+ friendly) no bairro de Chacarita, também tem sua produção própria do destilado. São quatro sabores: branco, tinto, primavera (uma espécie de rosado, mais floral) e o Sideral (um tinto fortalecido com vários ingredientes, incluindo cascas de laranja).
Além de estarem em garrafas à venda no bar, os vermutes podem ser bebidos puros, com água com gás, tônica ou então em vários coquetéis – caso do excelente Mojito Forzudo, com vermute branco da casa, hortelã, sidra de cassis, xarope de açúcar, limão e água com gás. (AR$ 1750, cerca de R$ 24, dependendo do câmbio). Além disso, a casa tem também porções e pratos bem gostosos – Anna Vitória tá até agora salivando pelos bolinhos de ervilha e queijo defumado (AR$ 2180, cerca de R$ 30, na porção com seis unidades).
Endereço: Dorrego 1409, Chacarita
Instagram: @lafuerzabar
Sifón Soderia
Quase tão legal quanto o La Fuerza é o Sifón Soderia, que também fica ali em Chacarita, numa proposta bem parecida, trazendo o vermute como estrela principal. A diferença é que o Sifón utiliza a bebida de várias marcas diferentes, em especial a Cinzano – vale a pena experimentar o chamado Cinzano Segundo, versão premium do vermute feito com malbec 100% argentino. Ali, a graça é pedir uma jarra de vermute e ficar combinando-a com a água com gás que vem na garrafa especial que dá nome à casa – o tal sifón, que deixa a água cheia de bolhinhas.
Vale a pena ficar de olho e, eventualmente, reservar um lugar – num sábado, esperamos uns 20 minutos para conseguir dois assentos no balcão, lá pelas 23h. (Nota importante: os argentinos saem tarde para comer e beber, especialmente aos finais de semana; madrugar pode ser uma boa dica em locais menos turísticos). As porções também são bacanas: lembro aqui com carinho do tostón brie (AR$ 1650 // R$ 20), que tinha queijo, cebolas caramelizadas no malbec, rúcula e nozes sobre uma torrada de pão artesanal.
Endereço: Newbery 3881, Chacarita
Instagram: @sifon.soderia
Floreria Atlantico
Nenhuma lista de bares em Buenos Aires seria completa sem a Floreria Atlantico – eleito 18º melhor bar do mundo segundo o 50 Best Bars, e figurinha fácil nesse tipo de lista há tempos. Não é à toa: a casa comandada por Tato Giovannoni faz seu próprio gim (o Principe de los Apostoles, com erva-mate na composição), sua própria vodka (a Pan, a base de trigo) e seu próprio vermute. Localizado no bairro do Retiro, o bar tem lá certa aura de speakeasy, sendo uma falsa floricultura no térreo – entendo a manutenção da piada, mas confesso que achei meio besta nas duas vezes que fui lá.
Sim, duas: na primeira tentamos ir sem reserva e vivemos um pequeno caos, com o atendimento blasé ao extremo da casa. Dias depois, voltei sozinho com reserva (vale a pena fazer com uns três-cinco dias de antecedência) e a história foi outra – ainda que o atendimento seja meio mala mesmo e o bar tenha um DJ tocando obviedades a um volume alto demais. Ainda estão na minha cabeça o Vodka con Chicharrón (AR$ 1995 // R$ 27), um vodka-tônica com o destilado embebido em gordura de porco, e o doidinho El Boogy de Lelo y Lili, uma releitura de Negroni com vodka, Cocchi Americano e bitter de unha de gato (AR$ 1788 // R$ 25). A comida não fica atrás: lá eu manjei uma boa porchetta e uma das melhores empanadas da viagem, recheada com king crab e camarão (AR$ 2380 // R$ 32). Pra quem gosta mesmo de drinks, é parada obrigatória.
Endereço: Arroyo 872, Retiro
Instagram: @floreriaatlantico
Presidente Bar
Na primeira noite em que eu e Anna Vitória tentamos entrar na Floreria Atlantico, a irritação foi tanta que acabamos saindo andando pelo meio do Retiro & Recoleta. A noite parecia perdida até que eu lembrei desse outro bar fancy – e de posição 61 no 50 Best, uma à frente do paulistano TanTan. A aura chique do lugar, com luz baixa e lustres imponentes, aos poucos se desfaz pela trilha sonora altíssima, também comandada por uma DJ ao vivo. Anna Vitória cravou e eu publico: “parece um daqueles bares novaiorquinos de gente do mercado financeiro movida a pó”.
A cozinha aqui deixou a desejar, com um hambúrguer exageradíssimo – e é triste ver bons bares inventando moda na cozinha só pra justificar ser o destino único de uma noite. Já a coquetelaria é mesmo de altíssimo nível. AV foi feliz demais tomando um Branca Smash – com Fernet, suco de abacaxi, limão e hortelã (AR$ 2050 // R$ 28) –, enquanto eu me diverti tanto com o Patagonia Fix (vodka, limonada de flores de sauco, hortelã e frutas vermelhas, AR$ 1860 // R$ 25) quanto com um excelente Sidecar, o coquetel-símbolo dessa newsletter.
Endereço: Av. Presidente Manuel Quintana 188, Recoleta
Instagram: @presidentebar
CoChinChina
Terceiro dos quatro bares da lista do 50 Best, o CoChinChina talvez seja o mais inusitado de todos eles – o Tres Monos, de tom meio punk, ficou de fora da lista porque eu e Anna achamos ele bem mais ou menos. Já o CoChinChina – topônimo meio impreciso para identificar a região do sul vietnamita – traz no nome a inspiração: é meio asiático, meio francês, transitando entre pontos de contato das duas culturas para trazer um cardápio de gastronomia e coquetelaria bem interessante.
As porções são pequenas, é verdade, mas são bons demais o steak tartare cochinchina (AR$ 2800 // R$ 38) e prato de três baos recheados com panceta (AR$ 3600 // R$ 48). Dos coquetéis, amor e saudade pelo La Vida Que Merezco, que leva tequila, baunilha e suco de abacaxi (AR$ 2000 // R$ 27), enquanto sei que a Anna ainda está salivando pela duplinha de drinks com whisky que ela bebeu – o Whisky Jasmin, mais frutado, e um Boulevardier que, além dos três ingredientes habituais (bourbon-vermute-Campari), leva ainda um cadinho de Limoncello.
Endereço: Armenia 1540, Palermo
Instagram: @cochinchina.bar
Niño Gordo
A pegada asiática também está presente em um dos lugares mais inusitados e divertidos de Palermo, o Niño Gordo. Cheio de decorações que remetem ao Japão e um cardápio que passeia pela comida asiática, o restaurante também é daqueles que merecem reserva prévia – ainda que eu tenha conseguido entrar na hora, já que fui sozinho num domingo á noite. A vegetariana da dupla deu WO esse dia e preferiu ficar em casa, me deixando à vontade pra comer um tataki de bife maravilhoso, em que o defumado da parrilla e a crueza do miolo da carne até agora batem fundo no coração, e um arroz frito de frutos do mar e porco que… ai ai.
Foi no Niño Gordo também que eu descobri a combinação maravilhosa que o suco de abacaxi pode dar nos coquetéis, ao experimentar o El Capo de La Barra, que leva fernet, suco de abacaxi, limão e molho de ostras e é servido em um ursinho de porcelana (AR$ 1580 // R$ 21). De lá eu bebi ainda o Blanquito (vodka, wasabi, limão, suco de abacaxi e vinho branco) e ganhei dos bartenders o fresquinho Takechi Kitano (gim Bombay, lichia, limão e vinho tinto). O motivo? Eu quase esbarrei num garçom e fiz piada gritando “atrás!”, o que fez a equipe do bar rir. Nunca achei que assistir The Bear fosse me servir para algo tão objetivo, mas tá aí.
Endereço: Thames 1810, Palermo
Instagram: @xniniogordox
Perón Perón
Tão lúdico quanto o Niño Gordo, mas extremamente latinoamericano é o Perón Perón, já um pouco fora daquele miolo hypado de Palermo. O nome do bar diz ao que ele se destina: é um espaço de verdadeira louvação ao General Juan Domingo Perón e sua mulher, Evita – bem como a seus sucessores espirituais, Nestor & Cristina Kirchner. Ícones da esquerda latinoamericana por ali tem seu lugar, incluindo Dilma e Lula, além de um altar especial para Maradona (“D10S es peronista”, diz uma frase na parede, lado a lado de um retrato de Evita como santa).
O nome dos pratos e dos coquetéis segue na mesma linha, com tragos como o Nestor Vive! (cynar, limão, angostura, menta e xarope de açúcar) e o Movimiento Obrero (gim, Campari, Amargo Obrero). Eu peguei o bar ainda abrindo e só pude tomar um coquetel, o Descamisado, que levava conhaque, laranja e vinho branco “justicialista” (o nome oficial do partido peronista). Docinho, docinho, deixando aquele gosto de “gracias a Díos nací en Latinoamerica”. Só não vale levar aquele parente reaça pro rolê, tá?
Endereço: Lavalleja 1388, Palermo
Instagram: @peronperon_oficial
Desarmadero
Quase de frente para o Perón Perón fica o Desarmadero, um bar de cerveja pra argentino nenhum botar defeito. São mais de 15 torneiras, entre diferentes marcas artesanais – destaque para a excelente Juguetes Perdidos, que faz rótulos bem doidinhos. Um exemplo é o Gose Tonic, uma espécie de gim tônica em formato de cerveja, do estilo gose, com bastante gostinho de pepino. Foi uma companheira excelente para refrescar uma tarde de começo de outono, antes de começar a garimpar discos. Ah: foi um raro lugar que tinha 10% de desconto para pagamento em dinheiro – e eles ainda tem uma geladeira bem cheia de coisas bacanas caso você queira levar uma última pra casa. Eu trouxe duas.
Endereço: Gorriti 4295, Palermo
Instagram: @desarmaderobar
Nola
O Gose Tonic do Desarmadero foi a “sobremesa” ideal depois de um almoço dos mais especiais no Nola, lanchonete de evidente inspiração americana (NO-LA é a sigla para New Orleans, Louisiana, uma das cidades que tá mais e mais na minha lista de sonhos de visitar). Se você pousar por lá, pode esperar lanches de frango frito da melhor qualidade, além de um bom cornbread.
O cardápio tem ainda mexilhão frito, que infelizmente não deu tempo de comer. Mas vale o aviso: além do ótimo lanche de frango frito, eles também tem boas cervejas à disposição, e o combo sanduíche+cornbread+cerveja não saiu por mais que 2500 pesos (R$ 34). Uma pechincha pra sair com o rosto e a barriga sorrindo.
Endereço: Gorriti 4389, Palermo
Instagram: @nolabuenosaires
Bônus: Don Julio
O nome é familiar, né? Até mesmo quem não é lá tão ligado em gastronomia já deve ter ouvido falar da Don Julio, parrilla em Palermo que há anos frequenta a lista de melhores restaurantes não só da América Latina, mas de todo o mundo – na última lista, é o 14º, o que faz pequenas multidões se enfileirarem a partir das 10h30 todos os dias, embora o restaurante só abra uma hora depois. (Reservas são possíveis, mas é mais embaçado). Chegando antes, porém, dá pra tomar um espumante de cortesia e dificilmente você deixa de sentar.
À mesa, o Don Julio tem comida “simples”, mas ridiculamente bem feita – atenção pra empanada de queijo e abóbora, para o purê de batatas doces e, claro, para as carnes. Mas o que pouca gente repara é que, além da comida (que é cara, mas compensa o crime), o restaurante também tem boa coquetelaria, levemente fora do usual portenho. Foi lá, por exemplo, que eu tomei um Hesperidina Tônica, um highball com esse licor amarguinho, feito com cascas de laranja, que guarda enormes curiosidades em sua história. Quer saber mais? Eu conto na semana que vem.
Endereço: Guatemala 4691, Palermo
Instagram: @donjulioparrilla
Pra fechar, ainda tem um reclame rapidinho, viu?
No Programa de Indie, eu e Igor Muller colocamos as barbas de molho para prestar nossa homenagem aos 20 anos de Ventura, a obra-prima dos Los Hermanos. Sinceramente? É dos programas mais bem acabados que a gente já fez, em termos de maturidade de discussão. Cola na grade:
Se você estiver pronto pra encarar essa viagem, não esquece de colocar um Epocler na mala. Você vai precisar, eu garanto.
Un abrazo,
Bruno Capelas
PS: Esse texto não foi escrito ao som de disco nenhum, mas sim das partidas dos playoffs da NBA – assistir aos jogos no Prime Video enquanto escrevo tem sido um hábito recorrente nos últimos tempos. Time? Eu escolho ao longo da transmissão, ao sabor do vento.
PS2: Para quem vai a Argentina e está confuso com o câmbio ou as melhores formas de obter pesos, eu dou uma leve dica. Pesquisei bastante e o meu método favorito pra trocar dinheiro é via Western Union, no qual você transfere reais em PIX pra eles e saca em pesos. O Viaje na Viagem tem um tutorial legal, e você pode fazer seu cadastro a partir daqui. Mas não foi só: eu também levei alguns dólares em espécie (úteis pra barganhar em brechós e lojas de vinil) e fiz o cartão da Wise, que foi mão na roda aos finais de semana (em que eu havia esquecido de sacar pesos) e também para usar apps de mobilidade. Aqui dá pra fazer um cadastro ganhando uma transferência de até R$ 3.000 sem tarifas. Ah, outra dica: lembra do Cabify? Lá ele é tão ou mais presente que o Uber, então vai reativando a conta.
PS3: Na semana que vem, eu volto com dicas de lojas de discos e também as garrafas de destilado que eu trouxe na mala do Uruguai e da Argentina. Mas…
PS4: Se valem outras dicas de Buenos Aires, aqui segue: em museus de arte, não deixe de ir no MALBA, no Museo Nacional de Bellas Artes e na Colección de Arte Amalia Lacroze de Fortabat. Dar uma banda em San Telmo no sábado pode ser uma boa pra conhecer o bairro, tirar foto com a Mafalda e fuçar as antiguidades sem o furdúncio do domingo. Pra quem quer parrillas mais econômicas que a Don Julio, cai de boca na Desnível, na La Brigada e, vá lá, na La Cabrera (e seu paraíso de miniguarnições). No rolê gratuito, não deixa de fuçar o Centro Cultural Kirchner e, claro, a Plaza de Mayo. Ir no Planetário é bem bacana, mas nenhum passeio é mais importante que o Espacio Memoria y Derechos Humanos…
PS5: Não é um rolê agradável. Pelo contrário. Mas o Espacio Memoria y Derechos Humanos é visita obrigatória pra quem quiser entender porque a gente precisa reafirmar a importância da democracia e condenar a ditadura sempre. Sediado na antiga Escola de Mecânica da Marinha (ESMA), local de torturas durante a ditadura militar entre 1976 e 1983, o local não é só um museu, como ainda funciona como prova judicial para os milhares de casos de militares ainda em julgamento na Argentina. É um lugar forte, muito forte, seja no prédio do cassino dos oficiais, onde aconteciam as torturas, ou no museu das Abuelas da Plaza de Mayo, que mostra a luta dessas mulheres incríveis para reencontrar filhos e netos. Por isso, e só por isso, já é mais que suficiente pra dizer “nunca más”.