#67: “Cachorro Grande (2001)”, Cachorro Grande + Screwdriver
Eu trabalho todo dia pelo roque popular, mas será que ele precisa ser defendido a ferro e fogo assim?
Como é que a gente para de amar algo que foi tão importante no passado?
Quando eu tinha 14 anos, uma das bandas mais legais do Brasil – na minha humilde opinião – era a Cachorro Grande. Lembro de como fiquei feliz quando um amigo me deu o CD do Pista Livre de aniversário. Quando montei uma banda, no primeiro ano do Ensino Médio, a primeira música que a gente tirou foi “Você Não Sabe O Que Perdeu” – e eu adorava espalmar as cordas do baixo com adesivo do Bob Esponja que peguei emprestado com outro amigo no refrão. No meu primeiro blog, a finada A Padoca do Mutante, foi da Cachorro Grande que escrevi uma das minhas primeiras resenhas. E no primeiro semestre de 2006, quando a programação do Sesc Santo André me permitiu enfileirar Pato Fu, Cansei de Ser Sexy, Ludov, Wonkavision e Wander Wildner em poucos meses a poucos quilômetros de casa, lembro de passar dias suspirando por não ter conseguido comprar ingresso pra ver os gaúchos de boina.
Durante os anos seguintes, a Cachorro Grande foi aos poucos virando uma banda menor na minha cabeça. Não sei se fui eu que cresci ou a banda que começou a fazer discos cada vez piores e mais confusos. Enquanto escrevo, revisito a carreira do grupo e me dou conta de que o último álbum realmente bom deles foi Todos os Tempos, de 2007 – o mesmo ano em que eu entrei no colegial. O que sei é que, pelo menos pela última década e meia, a Cachorro Grande deixou de ser algo que eu amava para virar uma quase piada na minha cabeça. Não foi só ela: o Foo Fighters também ocupa esse lugar, embora eu não consiga resistir parado quando toca “Breakout”, “Generator” ou “Everlong” por aí.
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Corta para 2025 – que caminha para ser o ano em que mais vi shows na vida. Só no primeiro semestre, foram 135. Foram tantas vezes na frente de um palco que, depois de uma maratona de festivais no final de maio (C6, Virada Cultural, Popload), eu já estava quase evitando as pistas e poltronas. Normalmente, sou um homem que aprecia as letras miúdas nos lineups, como diz a
. Às vezes, poém, devo dizer que há poucas sensações melhores do que chegar tarde em um evento com milhares de pessoas. Assim, no começo de junho, confesso que meu plano inicial para o Best of Blues era ir para o Parque do Ibirapuera só no final da tarde de sábado para ver mr. Richard Ashcroft tocar “aquelas” do The Verve. Enquanto eu almoçava e dava conta dos trabalhos da semana, porém, algo me impeliu a trocar o sofá com videogame pós-almoço pelo gramado do festival: ver a Cachorro Grande pela primeira vez ao vivo.Eu adoraria dizer aqui que foi uma experiência transcendental. Um reencontro com o meu eu do passado, ou, pelo menos, um passeio divertido pelas avenidas da memória. Mas não foi. Em alguns momentos, confesso que me diverti com canções como “Vai T. Q. Dá”, “Bom Brasileiro” e a já citada “Você Não Sabe o Que Perdeu”. Em outros, fiquei com a pulga atrás da orelha: será que ainda é aceitável cantar esse refrão tão divertido de “Lunático” a plenos pulmões? O riff é massa, mas essa letra de “Sexperienced” não é meio esquisita? E por que caralhos o Beto Bruno acha que é legal mamar uma garrafa inteira de Casillero del Diablo no palco?
Percebi que tinha algo para escrever sobre a Cachorro Grande quando aquele clima de sessão de terapia começou: será que o Bruno de 15 anos ia gostar de ver isso?
Sei que parece meio besta fazer esse tipo de raciocínio. Fato é que muito do que sou hoje se deve ao esforço do moleque lá de trás de pegar ônibus todo dia e passar frio às 5h da manhã para chegar na escola. Então, nada mais justo do que fazer jus a ele vendo mais de cem shows por ano. Fato é que ficamos ali, eu e meu adolescente interno debatendo pensamentos tal qual uma bolinha de ping pong – e até este parágrafo, não cheguei a uma conclusão exata sobre o quinteto gaúcho. Nem sobre o Foo Fighters, caso vocês queiram saber. Escrever é tentar se entender, então vamos voltar do começo.
O primeiro passo é compreender o que eu gostava na Cachorro Grande quando era moleque. E a primeira resposta que me vem à cabeça é que eles pareciam o tipo de banda perfeita para mostrar quando alguém dizia “que ninguém mais fazia aquele rock de antigamente”. Até porque era o que eu estava ouvindo na época: com 11, 12 anos, eu estava imerso no rock clássico, de Legião Urbana a Queen, de Beatles e Mutantes a Neil Young. Nada mais natural que gostar de uma banda nova que fazia um som retrô.
O exotismo do vocabulário e do sotaque gaúcho também me atraíam – estamos também falando da época em que eu me apaixonei pelo cinema do Jorge Furtado, ainda hoje uma das coisas mais modernas que o Brasil já produziu em matéria de sétima arte. É preciso olhar ainda para a capa desse disco, que exala picardias juvenis. Pra completar, quer algo mais magnético para um adolescente do que uma banda inconsequente, que fala de sexo, drogas e palavrões? (Não sei se já contei aqui, mas a leitura de A Divina Comédia dos Mutantes, quando eu tinha nove anos de idade, me fez ser uma criança cujo sonho era ter cabelo comprido e tomar LSD? Ainda não cheguei lá totalmente.)

Conforme o tempo foi passando, porém, acho que o apelo da Cachorro Grande foi passando para mim – como diria o IRA!, “foram bons os tempos das descobertas da juventude/mas hoje você gosta de pernas bem mais grossas”. Na dura frieza do dia a dia, fui percebendo que pensar só em doces exóticos e truques do ovo não condizia tanto com a minha realidade. Mais: era até um pouco besta.
A própria banda também parece ter se dado conta disso, trazendo outras sonoridades à baila – o já citado “Todos os Tempos”, por exemplo, tem um toque de Primal Scream e Stone Roses que me ajudou muito a preparar o ouvido para o rock alternativo. Mas nem sempre isso deu certo: a imersão na música eletrônica, por exemplo, fez a Cachorro Grande perder público e se prender ao rrrrock. Virou uma banda conservadora, na forma e no conteúdo, em uma época em que o próprio rock perdia seu espaço. Pior: envelheceu tentando dar vazão a um discurso jovem. Não à toa, acaba de estrear nas plataformas digitais um documentário sobre a Cachorro Grande cujo título é A Última Banda de Rock – e de pensar que, em 1976, a despedida da The Band já era O Último Concerto de Rock.
Não quero dizer aqui que eu não gosto de rock. Pelo contrário: quem acompanha essa newsletter provavelmente já entendeu o espírito da coisa. No Instagram, minha frase de efeito é “eu trabalho todo dia pelo roque popular”. Quando alguém me faz a fatídica pergunta “mas que música você gosta?”, minha resposta rotineira é dizer que eu gosto de muitas coisas, mas sempre partindo de um olhar do rock. Não poucas vezes a pergunta seguinte era se eu gostava de Foo Fighters. Eu até gosto, mas quando vejo alguém defender o rock como uma instituição a ser preservada – tipo tradição, família e propriedade –, tenho vontade de dar um tiro no saco. Ou, como diria outra banda gaúcha: se sexo é o que importa, só o rock é sobre amor.
Quando eu era criança, eu amava o clipe de “Learn to Fly”. Na época em que tentei fazer amigos ouvindo a MTV, o Foo Fighters era um dos poucos temas em comum que eu tinha com a galera da escola. Quando eles vieram em 2012 para a primeira edição do Lollapalooza, passei horas na frente do computador até conseguir comprar meu ingresso. Já tive até romances inspirados por canções do “Fufa”.
Depois de Wasting Light, porém, tudo o que Grohl e seus amigos fazem me provoca um sonoro bocejo. O mesmo vale, sei lá, para o Queens of the Stone Age pós-...Like Clockwork. (Não ajuda que tanto Grohl quanto o parça Josh Homme tenham sido péssimos seres humanos desde então, traindo e agredindo mulheres ou forçando parceiros de banda a trabalhar que nem condenados). E qual parece ser a maior bandeira do FF ou do QOTSA na última década? Defender o coitado do rock – ou uns trocados para a conta bancária.
Eu entendo, a vida é difícil e cada um tem que fazer o seu. A sensação que tive ao ver a Cachorro Grande, porém, era a de estar diante de um grande caça-níquel clássico em tempos de bets e tigrinhos. Tem lá sua diversão – quando eu ia regularmente a Las Vegas, a trabalho, sempre gastava meus US$ 10 por viagem nas maquininhas. Mas nunca apostei mais alto do que isso: havia outras diversões mais interessantes na cidade (e quando digo interessantes, estou falando de comprar vinil, beber cerveja fresca e jogar no Hall da Fama do Pinball). Mas divago – mas tentando chegar a algum lugar.
Sei que talvez você não precisasse de tantos parágrafos assim como eu para chegar a conclusão que eu cheguei. Afinal de contas, já em 1974 o Mick Jagger cantava “I know, it’s only rock’n’roll, but I like it”. E por alguns instantes, ser só rock’n’roll parece bastar.
Mas fazer disso uma profissão ou uma profissão de fé por uma vida inteira é algo demais da conta pra mim. Tem quem goste, e eu respeito, mas por aqui prefiro, para citar mais uma vez o IRA!, às vezes dar espaço a “outros sons, outras batidas, outras pulsações”. Até mesmo porque ir é necessário para voltar – e de vez em quando, me divertir me esgoelando cantando “Pedro Balão”, “Debaixo do Chapéu” ou até mesmo me emocionar com “O Dia de Amanhã”.
Até porque todos nós precisamos do dia de amanhã – e sem ressaca, de preferência.
A Receita
60 ml de vodka
90 ml de suco de laranja
5 ml de xarope de açúcar
3 jatos de bitters de laranja
Mais uma vez, falei, falei e falei e não expliquei nada sobre o Screwdriver, o drink da vez. Mas vamos lá. O primeiro fator é simbólico: apesar de Lemmy Kilmister, o histórico baixista do Motorhead, ser associado constantemente a Jack Daniels, seu drink favorito era o screwdriver – e se é pra tratar o rock como instituição, poucas pessoas são mais simbólicas do que Lemmy.
Além disso, achei que depois de escolher o Garibaldi para a Bidê ou Balde, fazia sentido manter a linha de drinks com laranja para outra banda gaúcha. Sei que os amigos gaudérios vão dizer que seria melhor se fosse um drink com bergamota, mas estamos aqui trabalhando em uma aproximação didática. Para completar, o screwdriver é, a princípio, um dos coquetéis mais simples que eu conheço: sua receita básica é composta apenas de vodka e suco de laranja. (Já vodka e refrigerante de laranja, você sabe, é um Hi-Fi, que já apareceu aqui nesta newsletter).
A origem da receita remonta a tempos mais ingênuos da coquetelaria: diz a lenda que o coquetel foi inventado por engenheiros americanos trabalhando no Irã, nos anos 1940, ao misturar suco de laranja e vodka em um só copo. O nome do drink vem justamente daí: para mexer a mistura, eles não tinham uma bailarina – então usaram uma chave de fenda (“screwdriver”, em inglês). Outras histórias de origem também envolvem o Oriente de alguma forma e a presença de americanos em bares, ainda que a mistura de vodka com suco de laranja seja uma constante.
Confesso que o caráter básico do Screwdriver é algo que nunca me animou muito – mesmo gostando de coquetéis de improviso, preciso dizer que ele sempre me pareceu improvisado demais pra ser levado a sério. Até que me deparei com a receita do Difford’s Guide: mais do que apenas misturar suco de laranja e vodka, um bom Screwdriver ganha muito com a adição de dois ingredientes aparentemente redundantes, mas que deixam a mistura bem mais interessante: xarope de açúcar e bitters de laranja. Achei condizente para um texto em que justamente o mote era dizer que só o básico não funciona sempre.
Dito isso, fazer um Screwdriver não requer muito trabalho – ao contrário de apertar alguns parafusos pela vida. Tudo o que você precisa fazer é colocar todos os ingredientes num copo com gelo e mexer. Se você quiser seguir a fina mixologia, use um mixing glass e uma bailarina, e depois transfira para um copo. Aqui em casa, eu costumo usar minha coqueteleira como mixing glass por ser mais fácil de lavar – a vodka foi a Moskovskaya, já o suco de laranja foi do Mambo mesmo. E dessa vez, para fins ilustrativos, troquei a bailarina por uma chave de fenda (herdada de Seu Capelas e devidamente lavada antes da utilização, claro). Mas se você quiser seguir a tradição dos engenheiros americanos, pode até fazer direto num copo.
Ou num copo Stanley. Sei lá, né?
Reclames da Quinzena
No Programa de Indie, eu e o chapa Igor Muller conversamos com Ale Sater e Loobas, do Terno Rei, sobre o recente álbum Nenhuma Estrela, além de atualizarmos as muitas novidades da música alternativa. Vem com a gente.
No Scream & Yell, tem uma entrevista muito bacana feita a quatro mãos por mim e pelo Marcelo Costa com o Linda Martini, uma das bandas mais bacanas do rock português (e dos últimos 20 anos no mundo). Eles estiveram aqui em SP em fevereiro e o papo foi uma delícia. Chega mais! Além disso, também contribuí com algumas fotos pro texto do Mac sobre o Festival Casarão em Manaus.
Os tempos não andam fáceis para quem trabalha com diversidade – graças ao agente laranja e suas ideias absurdas. Mas em Cajuína, explorei com a Laura Salles, da PlurieBR, um termo que pode ajudar a facilitar conversas difíceis: meritocracia inclusiva. Pode parecer uma “tucanada”, como diria o José Simão, mas juro que vale a leitura mesmo se você não trabalha com RH.
Nas últimas semanas, andei bem atarefado com múltiplos frilas para diferentes veículos. Alguns deles já começaram a pipocar por aí – como a cobertura do CMO Summit para a Exame, um evento de marketing que reuniu mais de 3 mil pessoas e boas conversas em SP. Entre as pautas, o segredo da Cimed pra ser “cool”, o patrocínio de Heineken, Elo e Itaú a grandes eventos e como falar com as novas gerações. Confere tudo lá.
Já que esse espaço é de merchan, vou aproveitar pra contar algo novo: na terça-feira, 8, tive a oportunidade de fazer meu primeiro trabalho como mestre de cerimônias e mediador de eventos no SOMA – Encontro de Remuneração e Benefícios, promovido por Caju, Comp e Pipo Saúde. Foi uma experiência legal demais, mesmo competindo com a atenção das pessoas com o jogo do Fluminense. Se você tiver um evento corporativo precisando de um MC ou de um mediador, chama a gente :)
Pra fechar, tem um monte de vídeos bacanas do Festival Turá lá no canal do YouTube – com shows de gente como SPC, Raça Negra, Lenine, Samuel Rosa e muito mais.
Prometo que volto na quinzena que vem com mais doces exóticos de Charlotte Grapevine.
Um abraço,
Bruno Capelas
PS: Este texto foi escrito ao som de Cachorro Grande, o álbum de estreia da banda gaúcha – e que é o meu favorito do grupo de longe, embora os quatro primeiros discos do grupo são os que merecem atenção de verdade. E a quem estranhou o uso de “A” Cachorro Grande, explico: há uma tradição gaúcha que toda banda é “A”, e não “O”. A Cachorro Grande, a Superguidis, a Fresno, a Bidê ou Balde. Assim aprendi e assim ficou.
PS2: Não recomendo o play, mas enfim: existe um raro registro da tal banda que eu tive no colégio tocando “Você Não Sabe O Que Perdeu”. É um ótimo exemplo porque eu decidi escrever sobre música.
PS3: Pelo menos eu preciso dizer que a gente era bom criando nomes de banda. Depois da The Putados, nós tivemos a Homólogos ou Análogos e a Campeões do Brasil, além do projeto paralelo Santana Sessions. Até hoje acho que esse Campeões do Brasil é um nome que eu deveria ter levado mais a sério.
PS4: Enquanto eu pensava este texto, li uma boa resenha do Renan Guerra para o documentário da Cachorro Grande no Scream & Yell. E esse comentário aqui explicou muita coisa também. “Sabe o jogador de futebol que nos anos 90 tomava cachaça no sábado e domingo ia marcar o gol no Maracanã ? Esse bom brasileiro não existe mais, porque o futebol atual não admite esse tipo de comportamento. Antes de ser jogador, o cara precisa ser atleta (infelizmente).”
PS5: Por fim, mas não menos importante… preciso dizer que esqueci de celebrar quando a newsletter passou da marca de 2 mil assinantes. Então aproveito aqui pra comemorar que chegamos a 2,1 mil assinantes nessa semana. Obrigado demais por esses três anos de companhia! E de maneira bem gaúcha, só me resta dizer: vamo dale pra não tomale.
gosto tanto de ler você contando histórias e matutando sobre a vida <3
Eu me diverti lendo essa edição, lembrando que quando era mais nova Cachorro Grande na real foi a banda que mais assisti shows - seguia bonitinho todos que faziam ali pela paulista e Sesc Pompeia, inclusive levando meu pai hahaha A última vez que assisti foi na gravação do ao vivo ali na Vila Madalena e me bateu ao mesmo tempo que uma saudade daquela época talvez um tanto dessa conversa toda de ok, o show é bom mas tem alguma coisa que não está tão boa assim (e ouso dizer que em algumas músicas dava pra ver essa cara de ué em algumas pessoas, inclusive quando dava alguma coisa errada no som e eles reclamavam um tanto e diziam que ia ter que fazer de novo)
E achei interessante o comparativo com o FF que a primeira vez que vi ao vivo foi no The Town com uma experiência péssima haha fui pra ter esse momento de levar a adolescente mas sei que sai antes da última música e fiquei meses sem conseguir ouvir nenhuma =/
Muito louco trazer essa fase adolescente pra refletir junto ne? haha