Guia de Bares: meus 11 lugares favoritos em São Paulo
Uma lista bastante pessoal para beber bons coquetéis na capital paulista, especialmente no eixo Santa Cecília-Pinheiros – e repito: uma lista bastante pessoal
Uma das coisas que eu mais gosto na vida é dar dicas boas pros amigos – ser lembrado por uma recomendação bacana me deixa feliz, feliz demais. E vira e mexe, algum amigo me pede uma dica de um bar novo, um balcão bacana para um primeiro encontro ou um lugar leal para afogar as mágoas. Há muito tempo eu estava devendo concentrar minhas dicas de bares em São Paulo num texto especial aqui na newsletter. E faço questão de frisar: são meus lugares favoritos para beber coquetéis nos últimos anos, bem a tempo de você aproveitar pra brindar os 470 anos da capital paulista na semana que vem (partiu balcão no Feriadão?).
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Isso não quer dizer que são os melhores bares da cidade. Nem que são os mais interessantes ou inovadores. Foram só lugares onde fui (e sou!) feliz bebendo coquetéis. Ao contrário do que fiz nas edições de Montevidéu e Buenos Aires, aqui o mérito é voltado apenas à coquetelaria, o que fez alguns lugares nos quais bato cartão caírem da lista. Pode ter bar de vinho e cervejaria? Pode, mas só entra se os drinks foram bons. Aviso que sugestões de brewpubs, bares raiz e bares/restaurantes devem vir numa segunda edição pro futuro, eu prometo, mas por agora, fico apenas com meus 11 titulares – uma escalação certa paras horas incertas.
Antes de começar, preciso apenas dizer duas coisas. A primeira é que eu confesso que a lista se concentra no eixo Santa Cecília-Pinheiros, bem no estilo indie-hippie-retrô-brasileiro, como diria Tim Bernardes. A segunda é que esse escritor sente saudades eternas do Buraco Bar, do Frank e do Térreo, três endereços que estariam aqui facilmente, caso estivessem abertos. Dito isso, vamos à lista?
Pina Drinques
Bar bom é bar perto de casa – e não à toa eu começo essa lista com um estabelecimento que fica a uma distância andável de onde eu moro. Criado em 2021, na rua Brigadeiro Galvão, o Pina não só tem uma carta muito interessante de coquetéis, como também nasceu com duas propostas bacanas. A primeira é de ser um bar local, com a identidade desse entremeio entre Santa Cecília e Barra Funda. A segunda é de ter uma carta muito própria e cheia de bossa, sem seguir modas e sem perder a acessibilidade. Em duas temporadas, o bar já está na terceira carta – ainda não conferi a última edição, mas alguns dos coquetéis que bebi lá marcaram meu coração, como o Mark Twain (um Fitzgerald com bourbon) e o Cafezinho, que até virou coluna aqui na newsletter pareado com o Coisas do Moacir Santos.
Rua Brigadeiro Galvão, 177 - Barra Funda
Instagram: @pina.drinques
Boteco Paramount
Quando eu era solteiro, o Paramount era um dos meus bares preferidos para dates. E não é porque ele seja requintado, não – pelo contrário. Com espaço exíguo no interior, o Paramount é um raro bar de drinques na calçada, bem despojado, ainda que com toda a empáfia de um bar despojado em Pinheiros. O que combina bastante com as gim-tônicas gigantes e as deliciosas porções de coxinha (há quem diga que a receita é roubada do Veloso, na Vila Mariana). Quando foi inaugurado, o Paramount vendia mais de meio litro de gim-tônica por módicos R$ 15 – e ouso dizer que foi o culpado pelo início da onda desse coquetel, ali entre 2017 e 2018. De lá, roubei a receita do Larangin para uma coluna sobre Los Hermanos, um dos meus textos favoritos aqui da newsletter.
Rua dos Pinheiros, 1179 - Pinheiros
Instagram: @botecoparamount
Sylvester Bar
É difícil falar do Paramount sem falar de seu vizinho próximo, o Sylvester, localizado a apenas 50 metros de distância, na rua Maria Carolina, também em Pinheiros. Quem entrar sem saber pode até achar que o local se trata de um bar e lanches, tamanha a despreocupação com decoração e tudo mais. Sem problemas: o foco aqui é na coquetelaria, comandada pelo bartender Rogério Souza, o Frajola (personagem que é conhecido por Sylvester em terras anglófonas, sacou?). Os preços são bons e a execução é excelente, seja em coquetéis clássicos (em uma carta bem extensa) ou em criações da casa, como o Vegetable Negroni. Além disso, por ser menos badalado, o Sylvester costuma ser um ótimo local para dates discretos e/ou comemorações de aniversário. Ah: a porção de coxinha também é uma ótima pedida.
Rua Maria Carolina 745 - Jardim Paulistano
Instagram: @sylvesterbarsp
Boca de Ouro
Já que estamos em Pinheiros, vamos permanecer ali no bairro por mais alguns endereços – e logradouro obrigatório nessa lista é o Boca de Ouro. Afinal de contas, não são exatamente muitos os bares brasileiros que podem se gabar de criar um clássico instantâneo, mas o Boca de Ouro pode: foi lá que nasceu o Macunaíma, segundo coquetel que eu escrevi sobre aqui na newsletter – e que o mestre Giba Amendola ensina aqui embaixo. Fosse só por isso, já seria uma visita indispensável. Mas tem o bolovo incrível e uma carta muito bonita de coquetéis, com execução incrível – tomei lá um Corpse Reviver nº2 num aniversário da namorada que até hoje me faz suspirar. Aliás, vale o aviso: se estiver com grupos grandes ou muito calor, tente pedir uma mesa no puxadinho que o bar tem, lá nos fundos, e me agradeça depois.
Rua Cônego Eugênio Leite, 1121 - Pinheiros
Instagram: @barbocadeouro
Santana Bar
Aberto em novembro de 2020, quando a gente ainda saía na rua de máscara na boca, o Santana Bar não precisou de muito tempo pra virar um dos bares mais interessantes de São Paulo. Também, pudera: tem uma carta de mais de cem coquetéis, incluindo toda sorte de clássicos que você quiser encarar. Fui lá só uma vez, mas me diverti bastante variando entre ícones (um New York Sour bem bonito) e criações da casa. Duas delas me chamaram bastante a atenção: uma era o Moringa, que levava vodka e várias partes de goiaba, e outra era o Tiramisú, que… bem, trazia em um só gole a experiência de dar uma garfada no doce italiano clássico. Mas fica o aviso: tem que chegar cedo ou se dispor a ficar na fila, porque o lugar é pequeno e fica lotado rapidinho.
Rua Joaquim Antunes, 1026 - Pinheiros
Instagram: @_santanabar
Caledonia Whisky & Co.
Para fechar a lista dos bares de Pinheiros, é difícil não passar pelo Caledonia Whisky & Co.. Já pelo nome, dá pra sacar que o negócio da casa é uísque – e dá para passar muitas noites à beira do balcão do local sem sequer pensar em coquetelaria, dado que são mais de 120 rótulos do cão engarrafado, como diria Vinicius de Moraes. Mas devo dizer que quem fizer isso estará perdendo uma grande diversão: além de executar clássicos com firmeza, o Caledonia tem ainda uma carta inspirada, cheia de truques e coisas malucas que só bartenders experientes cometem.
Meu melhor exemplo foi o King James, que eu tomei lá no ano passado numa comemoração de Dia dos Namorados (
foi quem me fez tomar uísque nessa vida): ele tinha uísque irlandês, um blend de bebidas ibéricas (jerez, madeira, vermute), bitter de cacau e até QUEIJO GRANA PADANO. E um gelo em formato de diamante, por que não? E sei que isso pode parecer uma grande firula, mas na hora de provar, parece que tudo faz sentido, em uma explosão na boca. E fica a dica: se for, sente no balcão e troque uma ideia com os bartenders. É uma verdadeira aula. (Essa dica, aliás, vale para praticamente qualquer bar, mas no Caledonia é indispensável).PS: De quebra, ainda vale lembrar que do lado do Caledonia está o Empório Alto de Pinheiros, referência sagrada pros cervejófilos do rolê. Mas eu prometi que não ia falar de cerveja…
Rua Vupabassu, 309 - Pinheiros
Instagram: @caledoniabar
Cervejaria Central
Quer dizer: vou ter que falar de cerveja sim, mas o motivo é nobre. Com duas sedes entre Santa Cecília e Barra Funda, a Cervejaria Central faz rótulos de cerveja bacanas, é verdade. Mas eles têm uma carta de coquetelaria que não faz feio, não, muito pelo contrário – em muitas noites, quando não tinha uma novidade que me apetecesse na lousa da Central, eu embarcava num coquetel sem receio algum, seja em clássicos como Mojito e Bitter Giuseppe, ou criações da casa, muitas delas com a esquerdista cachaça Jararaca. (Ainda sobre a Central, uma dica: a porção de batata deles é redondinha e os lanches são bem, bem gostosos). Talvez não seja o primeiro destino ao pensar em coquetelaria? Provavelmente não. Mas é uma ótima sugestão de bar quando você precisa reunir gente com gostos diversos na mesma mesa.
Rua Jesuíno Pascoal, 101 - Santa Cecília // Rua Sousa Lima, 5 - Barra Funda
Instagram: @cervejariacentralsp
kraut bar
Outro lugar polivalente da Santa Cecília que tem uma carta de coquetéis exígua, mas muito interessante, é o kraut bar (“repolho”, em alemão). De inspiração alemã, numa Berlim povoada por gente como David Bowie e Lou Reed, o Kraut tem pratos alemães típicos no almoço e na janta (eu adoro o currywurst deles), algumas torneiras de cerveja e bons coquetéis a preço excelente. Os clássicos são bem executados, mas o destaque são os autorais da casa, todos feitos com Steinhaeger, “o gim alemão”, como o próprio cardápio define. Meus favoritos ali são o Zitrone (steinhaeger, aperol, limão, laranja, xarope de gengibre e club soda) e o 7x1, uma caipirinha de steinhaeger. Lá vem eles de novo, amiiiiiigo.
Rua Barão de Tatuí, 405 - Santa Cecília
Instagram: @krautbar
Veloso & Esquina do Souza
Já que eu falei de caipirinha, é preciso demais falar de caipirinha boa. E sei que é um clichê paulistano, mas é difícil não falar das caipirinhas do Souza – que durante muito tempo militou na barra do Veloso, na Vila Mariana, mas hoje abriu seus próprios endereços. Não à toa, eu uni as duas recomendações na mesma dica: os pontos-fortes das duas casas seguem sendo a caipirinha (tenho especial carinho pela de três limões com rapadura) e a porção de coxinha, cremosa e crocante na mesma medida. Para quem está pela Zona Sul, o Veloso pode ser o rolê certo; centro e Zona Oeste devem preferir o independente Esquina do Souza, que tem sedes na Pompeia e na Vila Leopoldina. Ambos devem ter uma fila legal, mas valem as alternativas: no Veloso, meu segredo é pedir a coxinha no balcão de delivery e degustar ali na rua; no Souza, o delivery (via iFood) funciona bem demais.
Veloso: Rua Conceição Veloso, 54 - Vila Mariana – Instagram: @velosobar
Esquina do Souza: Rua Coronel Melo de Oliveira, 1066 - Pompeia – Instagram: @esquinadosouza
Andovino Pão & Vinho
Já devo ter falado aqui em alguma oportunidade do Andovino, bar que meu camarada Tiago Trigo abriu em 2022 ali na região do Hospital das Clínicas. Ele entrou com o gosto por vinhos; o sócio Máurio Galera, com o talento pela panificação, e daí nasceu o Andovino Pão & Vinho – raro lugar onde eu deixo a predileção por cervejas e coquetéis de lado e me arrisco na bebida de Baco. Mas o que raios o Andovino tá fazendo aqui? Simplesmente porque, apesar dos drinks não serem o carro-chefe da casa, eles fazem sua figura na carta de maneira esporádica. E quando isso acontece, recomendo não perder: o Aperol Spritz que tomei lá num dia especialmente quente foi o mais correto que eu já bebi em São Paulo, uma cidade que adora atropelar receitas e mais receitas. De quebra, vale o aviso: as foccacias, o vesúvio (um camembert assado delicioso) e o tortano (pão de linguiça) são excelentes.
Rua Oscar Freire, 2304 - Pinheiros
Instagram: @andovinobar
Riviera Bar
Por fim, mas não menos importante, um dos balcões mais Instagramáveis e frequentados da cidade: o Riviera. Tem um motivo especial para o Riviera morar no final da lista: como ele está aberto 24 horas por dia, costuma ser um ótimo refúgio naqueles momentos mais impensados, quando ninguém sabe onde ir. A cozinha é mais que correta (gosto demais do steak tartare deles, a ponto de já ter comemorado meu aniversário duas vezes com esse prato) e o bar manda bem, a despeito da hora que o relógio do Conjunto Nacional estiver marcando a uns quarteirões dali. De quebra, ainda tem um baita charme naquele neon de Oswald de Andrade no balcão inferior.
Avenida Paulista, 2584 - Consolação
Instagram: @rivierabarsp
Espero que vocês tenham gostado da lista – e por favor, se me ver em algum desses balcões por aí, dá um alô! :)
Reclames da Quinzena
No Programa de Indie, eu e Igor Muller escolhemos nossos melhores do ano ao longo de dois programas especiais – incluindo a criação do Troféu Policarpo Quaresma, para premiar os melhores discos nacionais. Chega aí!
Lá no Scream & Yell, defendi porque This Stupid World, do Yo La Tengo, é um dos meus discos favoritos do ano passado – naquela série massa em que eu já escrevi sobre Neil Young, Maglore e Olivia Rodrigo.
E lá em Cajuína, antecipei um dos lançamentos da Companhia das Letras neste início de 2024, entrevistando o autor de Power to the Middle, um livro que afirma que coordenadores e gerentes serão peças-chave no futuro das empresas.
Por fim, mas não menos importante, lá no YouTube eu andei publicando uma série de vídeos do acervo que nunca tinham entrado no canal, por algum motivo. Tem de tudo um pouco: de Kendrick Lamar em NY a Passo Torto em Lisboa, Queens em Berlim ou o amigão Manoel Magalhães no Centro da Terra. Vai lá ver. Os highlights tão aqui nesse fio do Twitter.
Aceito sugestões para visitas futuras, inclusive – um dos planos de 2024 é conhecer novos balcões, novas receitas, novas pulsações. Me deixa uma sugestão nos comentários?
Um abraço,
Bruno Capelas
PS: Este texto foi escrito ao som da discografia do grande Cassiano, de quem quero escrever em breve aqui. Além do clássico inesgotável Cuban Soul:18 Kilates, de 1976, tem que ouvir também o enorme Imagem & Som, cheio de pérolas empoeiradas pelo tempo. Vai descobrir.
PS2: Uma das ideias principais desse texto é servir de esquenta para o aniversário de São Paulo – e dar boas ideias para quem quiser aproveitar o feriadão na cidade. Mas vou só deixar aqui o spoiler de apareço aqui de novo na quinta que vem, dia 25 de janeiro, pra gente comemorar os 470 anos dessa cidade incrível. Alguém arrisca um palpite de disco e drink? :)
tem alguns da lista que não conheço, mas tem outros que amo muito! gosto bastante do kraut. acho que entregam exatamente ao que se propõem. lembro que quando tomei os drinks de lá me surpreendi positivamente com as diferentes opções e gostei muito do que bebi.
vamos conhecer bares novos, amigo